Apesar da promessa de Arthur Lira (PP-AL) de aprovar o projeto da anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro ainda em seu mandato como presidente da Câmara, líderes da Casa preveem que projeto acabará no “limbo”.
Nos bastidores, deputados lembram que as comissões especiais semelhantes à prometida por Lira para debater o “PL da Anistia” têm sito uma estratégia usada por ele para escantear propostas polêmicas que acabam não avançando.
Parlamentares lembram o exemplo da comissão especial prometida por Lira para discutir o projeto de lei que proíbe o aborto após a 22ª semana de gestão, mesmo em casos de estupro e de risco de vida para a mãe.
Em junho, após a forte reação da sociedade civil à aprovação da urgência do projeto, Lira tirou o PL da pauta do plenário e prometeu instalar uma comissão sobre o tema após o recesso de julho, o que não aconteceu até agora.
O roteiro é semelhante ao adotado por Lira em relação ao polêmico PL das Fake News. Após várias tentativas de votar o texto em plenário, o presidente da Câmara instalou um grupo de trabalho para criar um novo texto.
Apesar dos partidos terem indicados os membros para o colegiado, nunca houve uma reunião do grupo. Sequer um presidente foi escolhido pelos deputados que debaterão o tema.
Sucessão de Lira
Como mostrou a coluna, a decisão de Lira de enviar o projeto da anistia para uma comissão especial faz parte da estratégia dele para ajudar Hugo Motta (Republicanos-PB), seu candidato à presidência da Câmara em 2025.
Com a jogada, Lira atrasou a tramitação do projeto, que poderia ser votado nesta semana na CCJ, e tirou o tema do debate envolvendo a sua sucessão no momento em que os partidos definem que candidatos apoiarão na disputa.
Para evitar problemas com a bancada do PL, o atual chefe da Câmara discutiu o futuro do projeto previamente com figuras do partido. Entre elas, Valdemar Costa Neto, atual presidente da sigla, e Jair Bolsonaro.