São Paulo — Um júri popular na próxima terça-feira (5/11) vai decidir se Vinícius Augusto Stoll Folego, que dirigia bêbado quando colidiu seu Volkswagen Jetta na traseira de uma moto e matou Laryssa Pires Graça, de 19 anos, e Gabriel Damas Nogueira, de 21, em 15 de fevereiro de 2020, será preso. Familiares e amigos das vítimas se reuniram neste sábado (2/11) na Praça da Bandeira, no centro de Caçapava, no interior de São Paulo, para fazer uma passeata em prol do jovem casal.
O gerente comercial Paulo, de 59 anos, pai de Gabriel, disse ao Metrópoles que a manifestação é um pedido por justiça. “A gente quer mostrar que direção com bebida não combina. A gente quer fazer isso por Caçapava, para que não haja outros Gabrieis e Laryssas na vida. A ideia é essa, uma passeata pacífica, mas mostrando que a irresponsabilidade da bebida com a direção não funciona e acabou ocasionando na perda desses dois entes queridos da gente”, explicou.
Veja vídeo da manifestação:
O acidente, que está prestes a completar 5 anos, aconteceu na Rodovia Presidente Dutra, na altura da cidade de Caçapava. Além de estar dirigindo “costurando” os outros motoristas, Vinícius estava em alta velocidade. O carro atingiu a motocicleta por trás e arremessou Laryssa e Gabriel por, no mínimo, 15 metros. O capacete de um dos dois chegou a se partir ao meio com o impacto.
O homem fugiu sem prestar socorro. Quatro horas depois da colisão, foi localizado em casa e detido pela Polícia Militar de Taubaté, onde foi submetido a um exame de embriaguez, já que havia se recusado a fazer o teste do bafômetro.
Prisão
Ainda no dia, Folego chegou a ser preso em flagrante pelo crime. Dois dias depois, em 17 de fevereiro de 2020, ele pagou a fiança de R$ 4.500 e, de imediato, teve o direito de responder em liberdade concedido.
O que diz a família do casal
Além de Paulo, a avó de Laryssa, dona Neide, de 74 anos, também conversou com o Metrópoles. Neide criou a neta desde o falecimento da mãe dela, alguns anos antes do acidente.
“Ele [Vinícius] tirou a vida de duas pessoas e por causa de um valor X de fiança, ficou tudo por isso mesmo”, desabafou Paulo. “As duas famílias querem que a justiça seja feita, seja aplicada. Eu não acredito que vou sentir alívio [caso ele seja condenado] porque meu filho nunca mais vai voltar. Aconteça o que acontecer, o Gabriel e a Laryssa nunca mais vão voltar.”
Neide se sentiu “humilhada, péssima e no fundo do poço” com o fato de o motorista responder em liberdade após o pagamento da fiança. “Eu perdi a minha jóia preciosa. Eles [Gabriel e Laryssa] estavam correndo atrás de um sonho. Os dois eram muito felizes. O Vinícius acabou com o sonho deles, infelizmente.”
O júri de terça-feira
O Metrópoles também falou com o advogado das famílias, Renato Gotuzo Germano, sobre o julgamento que acontecerá na terça-feira.
Renato explicou que, caso seja condenado, Vinícius pode pegar de 15 a 20 anos de prisão, por causa das qualificadoras. “Ele pode ser preso após a condenação pela execução provisória da pena, que é um novo entendimento do Supremo Tribunal Judicial, que admite a prisão do cidadão condenado em plenário de júri em virtude da soberania do veredicto. Então ele sai preso na hora pela execução provisória da pena”, disse.
Segundo o advogado, apesar de o ocorrido estar completando quase 5 anos, este é um tempo normal. “Esse trâmite processual, essas fases do processo penal, são longas, são demoradas. [Essa ‘demora’] está dentro da lei”, falou. Ele explicou que a defesa de Vinícius recorreu, o que está no seu direito.
Com o julgamento de terça-feira, Renato e as famílias de Gabriel e Laryssa querem a condenação de Vinícius Augusto Stoll Folego “pelo dolo eventual, pelas duas qualificadoras, pelo duplo homicídio, por tratar-se de um dolo eventual”.
“Vou buscar a condenação, inclusive vou requerer, em próprio plenário de júri, a execução provisória da pena dele. Que ele seja preso imediatamente pelo crime praticado”, revelou Gotuzo Germano. “Ele tem que cumprir essa pena”.
O outro lado
Procurado pelo Metrópoles, o advogado de Vinícius se manifestou. “A defesa entende o sentimento da família, mas garante que o acidente foi uma fatalidade e os autos do processo demonstrarão que o réu é inocente das imputações recebidas”, disse nota enviada por Haroldo Rodrigues.