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Vídeo: monitora grita e bate porta na cara de crianças em creche no DF

Crianças de uma turma do Centro de Educação da Primeira Infância (Cepi) Olhos D’Água, na 714 Norte, estariam sendo vítimas de maus-tratos por parte de duas monitoras da creche. Vídeos gravados por moradores da região mostram as funcionárias gritando com os pequenos e até os deixando de castigo do lado de fora da sala.

O Metrópoles teve acesso aos vídeos, gravados em dias diferentes, há cerca de um mês. Em um deles, é possível ver uma monitora fechando com força a porta de uma sala e mandando os garotos se aquietarem. “Senta todo mundo”, grita a mulher. Depois, ela se agacha para pegar um objeto verde do chão e bate o item contra um armário.

A mulher parece gritar com alguns alunos. A monitora chega a dizer: “Não tô de graça, não, cara. Dá licença”. Em mais um trecho, é possível ouvir com mais nitidez a mulher pedindo licença para uma criança de forma acintosa.

Outro vídeo mostra um garotinho pulando do lado de fora de uma sala, que está com a porta fechada. Vizinhos apontam que ele teria ficado de castigo, sem poder entrar na sala por cerca de 30 minutos.

Veja as filmagens:

A turma em questão é do chamado Maternal I, com crianças de 3 a 4 anos. O Cepi Olhos D’Água tem cerca de 180 alunos com idades de 0 a 6 anos.

O morador que registrou os vídeos contou à reportagem que tem notado esse comportamento das profissionais nessa sala em específico há pelo menos seis meses. “Nunca presenciei agressão física, mas escuto muitos gritos, palavrões e barulhos de mesas sendo jogadas no chão”, relata o vizinho, que pede para não ser identificado.

“Os gritos são altos, isso é péssimo. Acontecia diariamente”, completa.

Reunião com os pais

A mãe de uma menina de 1 ano e 7 meses revela que o Cepi Olhos D’Água promoveu uma reunião com os pais e responsáveis nessa quarta-feira (6/11) para explicar o caso. Esse encontro, porém, teria deixado as mães ainda mais indignadas.

“Eles estavam tentando abafar o caso, enquanto nós, pais, queríamos saber objetivamente por que aquilo tinha acontecido. E quem foi realizar essa reunião foi uma voluntária da Casa de Ismael, órgão que administra a escola em parceria com a Secretaria de Educação do Distrito Federal, mas que, na prática, não tem responsabilidade nenhuma na gestão da escola. Essa moça até disse que não concordava com aquilo, mas afirmou que foi um fato isolado. Não foi nada isolado, isso acontece há pelo menos seis meses de acordo com as imagens”, pontuou a mãe da criança, que também solicitou anonimato.

A jovem disse que os ânimos se exaltaram quando os pais sugeriram a instalação de câmeras de segurança. “Essa representante da Casa de Ismael disse que achava um absurdo a gente requerer isso, porque ali não é Big Brother Brasil, e que se ela fosse professora, se sentiria intimidada com uma câmera voltada para ela 24 horas por dia”, revela. “Nós respondemos dizendo que o objetivo é justamente esse: fazer com que as professoras e monitoras se sintam intimidadas, mesmo, para não maltratarem as crianças. Nesse momento, ela ficou extremamente nervosa, aumentou o tom de voz, nem conseguia falar”, comenta a mulher.

“A gente tá muito insegura. Hoje, eu chorei ao deixar minha filha na creche porque eu não consigo mais confiar, estou com muito medo de acontecer algo ruim com ela. Ela é um bebezinho, tem pouco mais de 1 ano, ainda não sabe falar.”

As monitoras que aparecem nos vídeos não cuidam da filha da moça que concedeu entrevista ao Metrópoles. No entanto, ela ouviu colegas mães comentarem que uma delas seria “muito grossa” e “estúpida com as crianças”. Algumas amigas já sabiam quem era ela. Já viram ela puxando e gritando com os meninos”, alega.

“Na reunião de quarta-feira, uma mãe contou que uma das monitoras que aparecem nos vídeos ficou uma vez de monitora na turma do filho dela, há cerca de dois anos. Quando o garoto chegou em casa, ele disse para a mãe: ‘Mamãe, estou muito cansado, minha cabeça está doendo muito, porque a Tia passou o dia inteiro gritando’. Essa mãe levou essa situação para a direção e não fizeram nada”, relembra.

Em nota, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) informou que tomou conhecimento do caso por meio da imprensa e que a corregedoria da pasta vai apurar os fatos.

“A direção do Centro de Ensino da Primeira Infância Olhos D’água reforça que não compactua com as atitudes mostradas nas imagens. Os educadores são orientados sobre formas adequadas de abordar as crianças, e o grito não é uma delas. A SEEDF reafirma seu compromisso em proporcionar um ambiente seguro e acolhedor, garantindo que todas as providências serão tomadas”, finalizou a pasta.

O órgão não respondeu se afastou as monitoras foram afastadas e se há a possibilidade de instalação de câmeras de segurança nas salas da creche. Os questionamentos foram reforçados, e o espaço está aberto para novas manifestações.

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