Rapper, cantor, compositor, ator, diretor e um completo apaixonado. Essas poderiam ser algumas palavras que descreveriam o artista Hiran, natural de Alagoinhas, no interior da Bahia, e nome de grande destaque na nova cena musical baiana. Apadrinhado por Caetano, o multifacetado lançou, nesta sexta-feira (8), seu mais novo trabalho, o álbum “Anjo”.
Com uma mistura de gêneros musicais como o brega, o arrocha e o pagotrap, dentre outros. Em seu novo álbum, que mostra ao público uma nova face do cantor, Hiran lançou oito faixas inéditas, com mais da metade sendo colaborações com outros artistas, e dois poemas. Ao Bahia Notícias, o artista explicou sobre o processo de criação do disco, que teve sua estreia adiantada durante o Festival Sangue Novo, em outubro.
O novo projeto é algo mais leve que seus três projetos anteriores, ‘Tem Mana no Rap’ (2018), ‘Galinheiro’ (2020) e ‘Jaqueira’ (2023). “Esse disco, eu fiz num momento que eu sinto que eu tô bem, tô amando, não tô me sentindo sozinho, não tô mais sentindo que a minha arte não é importante. Eu não tô sentindo que não existe lugar para mim nesse mundo artístico. Eu queria cantar de um novo ponto de vista”, explicou Hiran.
O álbum é dividido por um interlúdio, em espécie de poema, a cada três músicas. São eles: ‘Pra Você, Meu Amor’ e ‘Anjo’, este último é o que inspirou o nome do disco. O poema significa a quebra de uma “maldição” em relação aos amores do homem preto. Assumidamente gay, Hiran afirmou acreditar que desejou quebrar a maldição de homens preso amarem “apesar de algo”.
“Quando eu vejo Jão, Silva… esses caras cantando, eu sinto que eles podem falar dos amores deles de uma forma mundial, de uma forma leve, sem peso e sem dores e eles podem levar isso para as pessas. As pessoas não atrelam ele a imagem de um universo de dor, pelas composições, pelas coisas que eles estavam fazendo e eu me perguntei ‘por que eu não posso dizer assim?’”, revelou.
O processo de criação do disco foi influnciado pelo amor vivido pelo cantor. “Eu falo sobre amor, do lugar de uma pessoa que está amando, que está achando bom o amor”, completou. As insspirações ocorreram de forma natural, colocando na caneta aquilo que sentia.
Assim como seu álbum anterior, lançado em 2023, “Anjo” traz diversas colaborações com artistas próximos à Hiran que dividiram o espaço de seu novo trabalho. Segundo o cantor, após viver com Caetano Veloso e Paula Lavigne e gravar com artistas como Gloria Groove e Tom Veloso, se tornou um artista melhor. “Gravar com pessoas que tem histórias, backgrounds e um método completamente diferente do meu, eu termino pegando um pouquinho de cada um deles”, esclareceu.
Entre as participações especiais presentes neste álbum estão a cantora feirense Rachel Reis, Sued Nunes, do reconcâvo baiano, a soteropolitana Gabi Lins, o vocalista RDD, do grupo ÀTTOOXXÁ, e o ator baiano Lucas Leto, estreante na música. Todos foram convidados para o álbum por sua próximidade com Hiran.
“Nenhuma das pessoas, são pessoas que eu já ia fazer uma música porque só admiro o trabalho de longe. Eu sinto que quando você tem a sua ligação é enriquecedor, eu fui para o estudio com Sued, Raquel, Tchelinho… Tipo, Rachel gravou em Salvador, Sued gravou em Tiago [Tiago Simões, produtor], com Tchelinho a gente gravou em Londres”, compartilhou.
Com amizades no cenário musical atual, Hiran acredita que a Bahia está em um processo de evolução, no sentido de ir de uma coisa para a outra e defende a presença de muitos artistas talentosos no meio. “Tem muita gente muito incrível fazendo muita coisa incrível, cada dia conheço uma pessoa nova, diferente daqui, cada dia que passa, sinto muito orgulho e muita alegria de fazer parte desse momento de fazer parte dessa caminhada, principalmente sendo um corpo preto e lgbt+”, confessou Hiran.
Além da animação por estrear um novo projeto, diferente dos que já fez, Hiran compartilhou uma experiência inédita que viveu com uma de suas colaborações. Na faixa de número quatro do álbum, “Pós-Love”, Hiran trabalhou com o artista Bahia Baby, também conhecido como o ator Lucas Leto, famoso pelo seu papel no filme “Um ano inesquecível: Outono”, protagonizado ao lado da atriz Gabz.
Este será o primeiro single lançado pelo ator e marca sua estreia na música. Segundo Hiran, foi “massa” a experiência de acompanhar um novo começo acontecendo debaixo de suas asas. “Ele é muito bom, ele sabe o que ele está fazendo, mas ele chegou no estúdio parecendo uma criança, me pedindo dicas e querendo gravar tudo mil vezes”, contou.
Agora, com o disco no mundo, Hiran confessou ao Bahia Notícias que não tem planos de muita coisa para o verão de 2025. “Eu quero realmente que o disco me leve na caminhada, e que me dê a história que ele tiver que me dar”, desejou o cantor.