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Da fraude à friday

Apesar do início tortuoso no país, é inegável que a Black Friday evoluiu, cresceu e entrou de vez no calendário dos brasileiros na última década. Uma mudança que é naturalmente multifatorial, mas que pode ser explicada dentro de três macro tendências: bolso, estilo de vida e senso de oportunidade.

Bolso é a mais óbvia delas — absolutamente todas as pesquisas sobre o tema demonstram isso. Segundo uma das mais recentes, preço (51%), frete grátis (41%) e descontos (30%) ficam anos luz à frente de fatores como o conhecimento da marca (17%) na hora de aproveitar ofertas relacionadas à Black Friday* — o que é um prato cheio para as marcas trabalharem gatilhos de venda.

Oferecer uma plataforma de descontos progressivos e frete grátis por determinado período de tempo ou mesmo fazer sorteios específicos para quem paga no Pix, por exemplo, são ativações que podem fazer muito sucesso.

Já o segundo fator que explica o boom da data são as mudanças ligadas ao estilo de vida. Por mais que ainda se tenha o mito de que o brasileiro só troca pertences quando eles incorrem em defeitos irreparáveis, a atualização de bens pela busca de acesso a novas tecnologias encabeça as listas de intenção de compra.

Tanto que a Black Friday, que começou com foco total em produtos tecnológicos, rapidamente se espalhou para outros setores como o da moda e o dos eletrodomésticos.

Aqui, naturalmente, abre-se oportunidade para um trabalho intenso com influenciadores digitais. Criar espaço de identificação e despertar a admiração dos consumidores pelo produto é uma das potências desse tipo de parceria.

Um pacote de viagem com desconto para quem tem família e está com a grana curta, um cashback na assinatura de ração para quem tem pet, uma collab com uma marca correlata para gerar um ganha-ganha — tudo é possível. O que nos leva à terceira e última macrotendência: o senso de oportunidade.

Afinal, quando o consumidor se depara com o produto que está na lista de desejos em uma condição fora do normal, é natural que sinta uma urgência em agir e comprar — o que podemos chamar de “FOMO do consumo” (fear of missing out, o tal “medo de ficar de fora”).

Neste contexto, mecânicas promocionais com tempo limitado (como as famosas “ofertas da madrugada”) ou uma plataforma de produtos que variam de acordo com o dia da semana certamente aceleram o poder de decisão dos potenciais compradores.

A verdade é que, outrora chamada de “Black Fraude”, a Black Friday conquistou o bolso e o coração do mercado brasileiro. E o que antes ocorria na última sexta-feira do mês de novembro, agora já começa até dois meses antes por meio de campanhas de CRM. Goste ou não, você também já comprou esta ideia.

Fontes: *OpinionBox/Dito **LWSA ***Globo/PinOn ****Febraban.

Henrique Rojas é ceative strategist and partner da Peppery, uma empresa Brivia_Group.

 

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