O empresário Pablo Marçal foi intimado pela Polícia Civil de São Paulo a depor no inquérito que investiga a denúncia de agressão sofrida pelo ex-integrante do reality show “La Casa Digital 3” Luiz Gabriel Godoy. O delegado responsável pela abertura do inquérito, José Moreira Barbosa Netto, do 1º Departamento de Polícia de Itu, determinou que todas as pessoas citadas no boletim de ocorrência sejam ouvidas por telefone, inclusive Marçal.
A exceção apontada pelo delegado foi Nelson Rodrigues, proprietário da Fazenda Toscana, onde o reality show foi gravado. Ele deverá comparecer à delegacia do 1º DP para prestar informações pessoalmente. No boletim de ocorrência registrado em maio, Godoy afirmou ter sido agredido e xingado por monitores durante sua participação no reality, que tem provas de resistência física e psicológica.
No documento, Netto destacou que, em depoimento, o ex-participante do reality declarou ter sido “submetido a três horas de treino físico, posteriormente teve que fazer uma prova em lago que media aproximadamente 50 metros, e em dupla teria de montar uma jangada com cano de PVC. Após a montagem dos canos, tinham que atravessar o lago sem uso de coletes salva-vidas, e não havia bombeiros nem médicos no local”.
Godoy relatou que levou socos na barriga e foi chamado de “trouxa” e “bosta”, além de ter sido estimulado por monitores a discutir com outro participante do programa, Paulo Silveira. “Os mentores sujeitaram Paulo e sua pessoa a um conflito verbal, segundo afirmaram tratava-se de um método de desbloqueio da mente, que consistia em que um apontasse os defeitos do outro. Em determinado momento, o mentor chamado Marcos Antônio Fergutis começou a ofendê-lo verbalmente, dizia que o mesmo não tinha futuro, que era um trouxa orgulhoso, um bosta, que entendeu que Antônio estava tentando despertar sua ira para ativar o que eles chamam de desbloqueio mental, mas se manteve calmo.”
“Neste momento, o outro mentor chamado Rafael Francele atravessou a sala diante de todos os participantes que estavam sentados no local, desferiu um tapa em seu peito, puxando-o para cima, rasgando a camiseta que estava usando, olhou para a câmera e disse para desligar, dizendo que iria mostrar como funcionava, puxando-o para fora e o ofendendo, empurrou-o na parede, desferindo dois socos na barriga, segurando seu braço e apertando. A situação foi interrompida pelo gestor do local, Sr. Nelson Rodrigues, gritando que era para pararem, pois estava ultrapassando os limites”, diz trecho do registro de ocorrência.
Após analisar as acusações, o delegado decidiu incluir nas investigações o crime de tortura. O inquérito ainda apura a ocorrência dos delitos de “perigo para a vida ou saúde de outrem, vias de fato e injúria, sem prejuízo de caracterização de outras infrações penais subsidiárias, correlatas ou cometidas em concurso”.
Caso seja confirmada a relação de Marçal com as provas realizadas pelos participantes do reality “La Casa Digital 3”, a situação do ex-candidato à Prefeitura de São Paulo pode se complicar em outro processo. O empresário responde a uma ação por homicídio privilegiado e tentativa de homicídio privilegiado por levar 32 pessoas a uma escalada no Pico dos Marins, em 2022.
Nessa ação, ele foi proibido de promover atividades em picos, montanhas e outros espaços de natureza. Ou seja: a atuação do ex-coach no reality show poderia configurar descumprimento da ordem judicial.