O general da reserva e deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ) teria ido ao Palácio do Alvorada, residência oficial da Presidência, logo depois do resultado das eleições de 2022 para sugerir ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) uma ruptura democrática usando o artigo 142 da Constituição Federal. O parlamentar não está na lista dos 37 indiciados pela Polícia Federal (PF) por tentativa de golpe de Estado depois das eleições de 2022.
A informação de que Pazuello fez a sugestão a Bolsonaro está em um áudio enviado por Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, ao então comandante do Exército, Freire Gomes, em 8 de novembro de 2022.
No áudio, Cid diz que Pazuello esteve com Bolsonaro “dando sugestões e ideias de como como ele podia” de alguma forma “tocar o artigo 142”. De acordo com o tenente-coronel, naquele momento Bolsonaro “desconversou” e “não quis nem saber”.
“Não deu bola, né… para o que o general Pazuello estava levando pra ele”, disse Cid no áudio enviado a Freire Gomes.
A transcrição do áudio está em um dos relatórios da PF que basearam a operação Contragolpe do dia 19 de novembro, que prendeu militares das Forças Armadas e um policial federal.
O grupo foi preso por suposta tentativa de golpe de Estado e planejamento das mortes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin, e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Um dos presos foi o general Mario Fernandes, que foi assessor de Pazuello na Câmara dos Deputados de 28 de março de 2023 a 04 de março de 2024. No dia da operação, o parlamentar disse que só tomou conhecimento dos fatos revelados pela PF pela imprensa.
“Pazuello esclarece ainda que só tomou conhecimento da prisão do general Mário e dos demais oficiais por meio da imprensa na data de hoje. O deputado reafirma sua crença nas instituições do país e na idoneidade do general Mário Fernandes, na certeza de que logo tudo será esclarecido”, disse o parlamentar em nota.
Antes desta reportagem ir ao ar, o Metrópoles procurou a assessoria de Pazuello para se manifestar sobre o aúdio de Cid, mas o parlamentar não comentou. O espaço segue aberto para a manifestação.
Antes de ser eleito deputado federal, Pazuello foi ministro da Saúde da gestão Bolsonaro entre 2020 e 2021, anos em que o país viveu o apse da pandemia da covid-19.