O Carrefour irá se retratar e sinaliza um pedido de desculpas por dizer que não compraria mais carne produzida no Mercosul. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) foi avisado por emissários da embaixada da França.
A retratação também se estende aos frigoríficos brasileiros, que informaram que suspenderiam o fornecimento de proteína animal às lojas do Carrefour no Brasil.
A confusão começou após o CEO do Carrefour francês, Alexandre Bompard, anunciar, na quarta-feira (20/11), que enviar uma carta ao sindicato agrícola francês FNSEA informando que não iria mais adquirir proteína animal de países do Mercosul.
O gesto do presidente da rede veio no contexto de um grande número de protestos na França contra a assinatura do acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul. Os produtores do país europeu são contra o texto porque temem que a concorrência seja uma ameaça aos produtos locais.
As reações começaram ainda na quarta. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento (Apex-Brasil) lamentou a suspensão da compra dos produtos do Mercosul e afirmou que não enxergava razões para a decisão do Carrefour francês.
“Entendemos não haver motivos razoáveis para restrições à carne produzida no Mercosul. Seguimos os mais rigorosos padrões sanitários e ambientais, que garantem sua qualidade em todas as operações de venda de proteína brasileira ao exterior”, escreveu no comunicado.
No fim da semana passada, frigoríficos brasileiros anunciaram a suspensão do fornecimento de carne às lojas do Carrefour no Brasil. Nesta segunda-feira (25/11), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se manifestou sobre o assunto. Ele disse não enxergar razões para a medida do Carrefour.
“Eu não vou ficar comentando a atitude de empresa, mas enfim, houve uma reação justificável a esse tipo de declaração. Uma empresa que está instalada no Brasil… Não faz muito sentido (suspender a compra da carne)”, afirmou o ministro.
O Carrefour se defendeu ao dizer que não questionava a qualidade dos produtos do bloco. “Em nenhum momento se refere à qualidade do produto do Mercosul, mas somente a uma demanda do setor agrícola francês, atualmente em contexto de crise”, comunicou a empresa.