Na manhã deste sábado (24 de maio), uma pauta decisiva para o futuro hídrico do Extremo Sul da Bahia ganhou novos contornos. O presidente da Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (CERB), Jayme Vieira Lima Filho, esteve em Medeiros Neto a convite do prefeito Beto Pinto para tratar do avanço do projeto da barragem da Bacia de Contribuição do Rio Itanhém, também chamado de Rio Alcobaça.
O encontro, realizado em formato de roda de conversa, contou com vereadores, secretários e lideranças comunitárias, um gesto simbólico de inclusão, mas que também escancara a urgência e o conflito silencioso: o controle da água e o direito ao desenvolvimento.
A obra, cuja ordem de serviço foi assinada em janeiro, entra agora em uma fase crítica. Já foram realizados o levantamento aerofotogramétrico e a batimetria do perímetro do rio, mas os interesses divergentes entre municípios, produtores e ambientalistas começam a emergir conforme a promessa de segurança hídrica, irrigação, turismo e geração de empregos toma forma.
Municípios como Itanhém, Lajedão, Teixeira de Freitas e Alcobaça podem se beneficiar diretamente da obra. Mas o discurso oficial contrasta com a realidade de comunidades rurais que ainda convivem com escassez de água e dependem da perfuração de poços artesianos, outro tema levantado na reunião.
A barragem não é apenas uma obra de infraestrutura. É um divisor de águas político, econômico e ambiental. Representa uma chance concreta de impulsionar o desenvolvimento agrícola, controlar enchentes, ampliar a reserva hídrica para períodos de seca e gerar renda. Mas também levanta questões sobre prioridades governamentais, impacto ambiental e redistribuição de recursos.
Se executada com responsabilidade e participação, pode transformar a região. Se negligenciada ou capturada por interesses particulares, pode se tornar mais um projeto enterrado no leito seco da burocracia baiana.