Na manhã desta segunda-feira (26 de maio), garis tomaram as ruas de Itamaraju num ato carregado de dor, revolta e exigência de justiça. A manifestação ocorreu dois dias após a morte brutal de Milton Nobre Guimarães, servidor público de 43 anos, que foi atropelado enquanto trabalhava na Rodovia BR-101, durante a madrugada do último sábado (24).
O protesto, que fechou importantes avenidas da cidade, expôs um problema muito maior do que um acidente isolado: a negligência do poder público municipal frente às condições de trabalho precárias dos coletores de lixo.
Segundo os manifestantes, a atual gestão municipal alterou escalas e locais de trabalho, designando servidores para áreas de alto risco, como a BR-101, sem fornecer EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) adequados. O trecho, que é de responsabilidade do DNIT, nunca deveria ter sido inserido na rotina dos garis, especialmente sem os mínimos protocolos de segurança.
Milton não teve chance. Foi mais uma vítima da invisibilidade social. Enquanto prestava um serviço essencial à cidade, teve sua vida ceifada por um sistema que insiste em tratar trabalhadores públicos como descartáveis.
Mais grave ainda, semanas antes do acidente, profissionais da limpeza urbana já haviam alertado a gestão sobre os riscos, mas foram deliberadamente ignorados. A tragédia, portanto, não foi um acaso, mas uma consequência do descaso.
Durante o protesto, um cartaz resumia o sentimento coletivo: “Queremos justiça pela morte de Milton. Garis em luto.”
O caso está sob investigação policial, mas o que se apura agora vai além de um atropelamento: é a responsabilização de quem deveria proteger, e não expor, os servidores públicos à morte.
A sociedade precisa decidir: vamos continuar normalizando a morte de trabalhadores invisíveis? Ou vamos cobrar dos gestores a dignidade que todo ser humano merece, especialmente quem limpa a cidade todos os dias?