Em um desdobramento surpreendente, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) restabeleceu o pagamento da aposentadoria de José Eduardo Franco dos Reis, o juiz que por mais de 40 anos viveu sob uma identidade falsa. Com o nome fictício de Edward Albert Lancelot Dodd-Canterbury Caterham Wickfield, ele alegou ser descendente de lordes ingleses, enganando autoridades e instituições diversas.
Em abril, José Eduardo teve seus pagamentos suspensos, momentos antes de um processo administrativo ser iniciado contra ele. Contudo, o TJSP anunciou que os salários foram retomados após a apresentação de documentos que comprovam sua verdadeira identidade. A corte esclareceu que a mudança de nome se destina à regularização de dados cadastrais e que investigações sobre falsidade ideológica seguem em andamento sob sigilo.
O último pagamento ao ex-magistrado ocorreu em março deste ano, totalizando mais de R$ 132 mil líquidos. A suspensão dos depósitos em abril levou a uma investigação mais profunda, revelando as incongruências na documentação que José Eduardo apresentou em tentativas de manter sua farsa.
A identidade falsa foi descoberta em um episódio intrigante: ao solicitar uma segunda via do RG, suas impressões digitais revelaram a verdadeira identidade de José Eduardo. A Polícia Civil, ao investigar, encontrou diversos documentos — incluindo passaporte e CPF — que corroboravam sua duvidosa criação de vida.
O personagem fictício criado por ele é tão intrigante que o nome carrega referências literárias significativas. Elementos dos clássicos britânicos, como obras de Charles Dickens e Geoffrey Chaucer, inspiraram a construção dessa identidade inventada, que parecia mais um conto de fadas do que a vida real.
Detido em sua narrativa, ele afirmou à polícia que após a morte do pai, sua mãe revelou que ele tinha um irmão gêmeo, entregando assim uma versão de sua história ainda mais complexa. A defesa alega que José Eduardo apresenta características do Transtorno de Personalidade Esquizóide, tentando justificar suas ações como um desejo de recomeço, em vez de um ato de fraude deliberada.
Essa reviravolta de um juiz que se transformou em um personagem literário deixa claro que a linha entre a realidade e a ficção pode ser mais tênue do que imaginamos. O que você pensa sobre essa história fascinante? Compartilhe sua opinião nos comentários!