Durante quase cinquenta anos, o Brasil, em uma colaboração entre o governo e o setor privado, emergiu como um dos maiores potenciais agropecuários do planeta. Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) revelam que um em cada quatro produtos do agronegócio que circulam no mundo é de origem brasileira. Essa força não é apenas um orgulho nacional; representa cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, gera 20% dos empregos e quase metade das exportações.
Agora, essa trajetória de sucesso ganha um novo caminho: a agricultura regenerativa.
Esse sistema inovador se dedica à restauração do solo, à conservação ambiental e à produção com baixas emissões de carbono. No Brasil, o investimento em práticas regenerativas avança, promovendo a entrega de alimentos mais saudáveis, a recuperação de biomas como o Cerrado e a Amazônia, e gerando oportunidades de renda para pequenos e médios agricultores.
Um estudo recente intitulado “Soluções em Clima e Natureza do Brasil”, elaborado pelos institutos Arapyaú e Itaúsa, revela um dado impactante: existem 28 milhões de hectares de pastagens degradadas, o equivalente à área do Rio Grande do Sul, que podem ser convertidos em agricultura, reflorestamento e produção de energia.
O Brasil destaca-se como líder na técnica de plantio direto, que não apenas protege o solo como também minimiza a emissão de gases de efeito estufa. Além disso, observa-se um crescimento significativo na produção de energia solar e na pesquisa de combustíveis sustentáveis para aviação. A implementação de iniciativas como o projeto Cacau+Sustentável, uma parceria da Suzano com o Arapyaú, fortalece a agricultura regenerativa na Bahia, unindo o cultivo de cacau a outras plantações, como banana e açaí.
Este projeto beneficia diretamente 360 famílias e fortalece a tradição de cultivo de cacau da região, promovendo práticas sustentáveis e de baixo custo que oferecem retorno financeiro rápido por meio de lavouras de hortaliças e mandioca.
Dentro desse movimento, grandes empresas já estabelecem metas que, em colaboração com comunidades locais, buscam uma produção em alto nível de regeneração. A MBRF Global Foods, uma das gigantes do setor alimentício, condiciona a integração de pequenos produtores à adoção de práticas de conservação e recuperação de florestas. A empresa monitora 100% de seus fornecedores diretos na Amazônia e 79,6% no Cerrado.
A transformação não se limita ao campo agropecuário. A Natura, líder no setor de cosméticos, tem como meta se tornar uma empresa 100% regenerativa até 2050. Com um histórico de 20 anos de interação com comunidades agroextrativistas, a Natura já conta com uma rede de mais de 10 mil famílias em 45 comunidades, garantindo suprimentos sustentáveis como castanha e andiroba para seus produtos.
“Estamos comprometidos com a regeneração em todas as nossas ações, focando nas pessoas, na natureza e nas relações”, afirma Fernanda Facchini, gerente sênior de Sustentabilidade da Natura. Além disso, a empresa planeja ampliar para 3 milhões de hectares a área conservada e regenerada na Amazônia até o final da década, tendo já preservado aproximadamente 2,2 milhões de hectares.
A agricultura regenerativa é uma promessa não apenas para a sustentabilidade ambiental, mas também para o fortalecimento das comunidades e a prosperidade econômica do Brasil. E você, o que pensa sobre essa transformação? Compartilhe suas ideias nos comentários e faça parte dessa conversa!