Na manhã de segunda-feira, 30 de junho, a tragédia tomou conta do Complexo Penitenciário da Papuda, em São Sebastião, quando o corpo de Cleiciano das Neves Dantas, de apenas 22 anos, foi encontrado. O jovem apresentava sinais óbvios de múltiplas agressões, despertando indignação e preocupação entre seus familiares e a sociedade.
Cleiciano estava sob custódia no sistema penitenciário desde 30 de maio, após um surto que alarmou vizinhos. Apesar da aparente necessidade de apoio e tratamento psicológico, acabou sendo preso após um breve confronto com a polícia. Durante seu tempo no Centro de Detenção Provisória (CDP), sua condição de saúde mental não recebeu a devida atenção. A família denuncia que o jovem, que fazia uso contínuo de medicamentos controlados, esteve desprovido dos remédios essenciais durante toda a sua estadia.
A guia de sepultamento revela detalhes alarmantes sobre a causa da morte de Cleiciano, incluindo choque hipovolêmico e hemorragia intra-abdominal. O corpo exibia marcas de violência que se espalhavam por seu tronco, rosto e pernas, fazendo crescer a suspeita de negligência e brutalidade no sistema carcerário.
Déborah Dantas, viúva de Cleiciano, relata a angústia pela qual passou, afirmando que seu marido deveria ter recebido tratamento adequado em vez de permanecer no confinamento. “Ele foi mantido no Pavilhão Disciplinar desde que chegou e só saiu por dois dias. No dia da sua morte, ele foi trazido de volta já machucado e em péssimas condições. No enterro, seu corpo estava coberto de hematomas”, conta, a voz embargada pela dor.
Clamando por justiça, Déborah expressa a profunda frustração de saber que Cleiciano estava sendo agredido enquanto estava sob custódia. “Não é possível que ele tenha morrido em um ambiente seguro, pois eu o monitorava continuamente e sabia que estava no castigo. Apenas desejo justiça pelo que aconteceu”, desabafa a jovem viúva. Ela ainda menciona a perplexidade dos servidores funerários diante da quantidade de hematomas e sinais de desnutrição encontrados no corpo do marido.
A Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape-DF) não ficou em silêncio frente à gravidade do ocorrido. Em nota, informou que um Procedimento de Investigação Preliminar (PIP) foi instaurado para apurar todas as circunstâncias do caso. Contudo, a autorização do laudo que atesta a causa da morte, elaborado pelo Instituto de Medicina Legal (IML), ainda não foi recebida, deixando perguntas sem respostas.
A luta por justiça de Déborah ressoa não apenas como uma demanda pessoal, mas como um chamado à ação para que todos reflitam sobre a necessidade de reformas no sistema carcerário. O que deve ser feito para que tragédias como essa não se repitam? Compartilhe sua opinião nos comentários e ajude a manter viva a luta por justiça e direitos humanos.