
Em uma data que ficará marcada na história, Ana Maria Gonçalves foi eleita para ocupar a cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras (ABL), tornando-se a primeira mulher negra a integrar a instituição em seus 127 anos de trajetória. A vaga, anteriormente ocupada pelo professor Evanildo Bechara, foi preenchida por uma autora que se destaca pela profundidade de suas obras e sua luta por representatividade.
Nascida em 1970, na cidade de Ibiá, Minas Gerais, Ana Maria começou sua jornada profissional como publicitária em São Paulo, onde trabalhou por mais de uma década. Em 2002, ela teve uma mudança de rumo ao se mudar para a Ilha de Itaparica, na Bahia, onde não apenas redescobriu seu amor pela escrita, mas também encontrou um cenário vibrante que a inspirou a criar algumas de suas principais obras.
Sua estreia na literatura veio com o livro “Ao Lado e à Margem do Que Sentes Por Mim”, que foi lançado de forma independente. A obra rapidamente conquistou o público, sendo esgotada graças à força de sua narrativa e à divulgação nas redes sociais. No entanto, foi com “Um Defeito de Cor” que Ana Maria firmou seu nome como uma das grandes autoras da literatura brasileira contemporânea.
Esse romance monumental, que levou cinco anos para ser concluído – dois em pesquisa, um em escrita e dois em reescrita – apresenta a história de Kehinde, uma menina de oito anos que é forçada a deixar o Reino do Daomé (atual Benin) e trazida para a Bahia como escrava. Inspirado em figuras históricas como Luísa Mahin, uma líder da Revolta dos Malês em 1835, o livro também aborda a luta de Luiz Gama, advogado e ativo defensor do abolicionismo no Brasil.
Além de sua trajetória literária, Ana Maria Gonçalves também foi escritora residente em diversas universidades nos Estados Unidos, como Tulane, Stanford e Middlebury College, entre 2007 e 2009. Em 2013, seu trabalho na promoção da causa antirracista foi reconhecido pelo governo brasileiro com a comenda da Ordem de Rio Branco.
Após retornar ao Brasil em 2014, Ana Maria viveu em Salvador e São Paulo antes de se estabelecer no Rio de Janeiro, onde continuou contribuindo com o teatro, deixando sua marca em peças como “Tchau, Querida!” e “Chão de Pequenos”. Sua trajetória é um verdadeiro testemunho de coragem, talento e resistência.
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