Nos últimos 24 anos, a Bahia se destacou, e não por motivos a se comemorar. Com 30.159 casos de hepatites virais, o estado é líder no Nordeste em notificações desse tipo de doença entre 2000 e 2024. O boletim, obtido pela reportagem do Bahia Notícias, revela que a hepatite A registrou 9.463 casos, enquanto a hepatite B acumulou 10.635 casos – números alarmantes.
A sequência de notificações continua com 9.908 casos de hepatite C, 83 casos de hepatite E e 70 casos de hepatite D. Ao analisar as taxas para 2024, vemos que a hepatite A registra 0,4 casos por 100 mil habitantes, a hepatite B com 3,6 casos, e a hepatite C com 4,6 casos.
Além da incidência das doenças, o levantamento destacou a mortalidade. A hepatite C apresenta um coeficiente de 0,2 óbito por 100 mil habitantes, enquanto a hepatite B tem 0,1 óbito. Em contraste, a hepatite A mostra um coeficiente de 0,02 óbito por 100 mil habitantes na região Nordeste.
Entre 2000 e 2024, a hepatite D causou 18 óbitos na Bahia, com 8 sendo considerados como causa básica. Salvador, nossa capital, ocupa o 2º lugar entre as capitais do Nordeste em taxas de detecção da hepatite B, refletindo um cenário preocupante.
Em uma entrevista ao Bahia Notícias, o hepatologista Allan Rêgo, membro da Sociedade Brasileira de Hepatologia, analisou essa situação preocupante. Ele chamou a atenção para a predominância da hepatite A entre adultos em Salvador. “Desde que a vacina para hepatite A foi disponibilizada para crianças em 2014, os casos entre adultos começaram a crescer, resultando em um aumento significativo nas notificações”, explicou.
Rêgo também fez uma análise do panorama atual. Ele ressaltou que, apesar da hepatite B ter sido vista como uma grande preocupação nos anos 80, esse cenário mudou. A utilização de preservativos, impulsionada pela pandemia de HIV, gerou uma queda nas notificações dessas hepatites. No caso da hepatite C, o especialista é otimista: “Com o tratamento adequado, os casos estão em queda, e a meta global é erradicar a hepatite C até 2030”, concluiu.
O quadro é complexo, mas a conscientização e o tratamento podem reverter essa tendência. O que você pensa sobre a situação das hepatites virais na Bahia? Compartilhe suas opiniões e participe dessa discussão!