
Imagine uma inteligência artificial capaz de não apenas entender, mas também prever decisões humanas com uma precisão impressionante. Assim é o Centaur, um novo modelo desenvolvido por pesquisadores do Helmholtz Center, na Alemanha, que analisou mais de 10 milhões de escolhas em experimentos comportamentais. Durante testes controlados, o Centaur conseguiu antecipar as decisões das pessoas com até 64% de acerto.
Desenvolvido por uma equipe do Institute for Human-Centered AI, o Centaur foi alimentado com dados provenientes de 160 experimentos psicológicos. O sistema, baseado em um modelo de linguagem de código aberto da Meta AI, permitiu que os cientistas avaliassem não apenas situações que já conheciam, mas também cenários novos, onde a configuração dos testes era alterada.
Clemens Stachl, diretor do Instituto de Ciência e Tecnologia Comportamental da Universidade de St. Gallen, destaca que a verdadeira inovação do Centaur está na sua capacidade de traduzir resultados de experimentos clássicos sobre tomada de decisões em dados comportamentais aplicáveis. Ele ressalta que esse potencial se estende a áreas como consumo, educação, e segurança. “Sempre que for necessário analisar e prever comportamento humano, como em compras ou processos educacionais, o Centaur pode ser uma ferramenta valiosa”, afirma Stachl.
Modelos semelhantes ao Centaur já estão em uso por grandes empresas de tecnologia, como ChatGPT e TikTok, que preveem hábitos e preferências dos usuários. Stachl observa como essas plataformas utilizam mapas de comportamento para sugerir conteúdos, mantendo os usuários engajados por mais tempo. “Esses modelos são bastante eficazes, e podemos facilmente perceber como plataformas de mídia social trabalham para nos reter”, aponta.
Entretanto, o avanço tecnológico traz consigo um dilema: à medida que nos tornamos mais previsíveis, corremos o risco de uma dependência digital excessiva. Stachl adverte que o uso constante de mídias digitais aprimora esses sistemas com novos dados comportamentais, resultando em uma sociedade cada vez mais governada por algoritmos.
A aplicação do Centaur na pesquisa básica é promissora, mas exige um debate ético e político mais profundo. Stachl enfatiza que a sociedade precisa estar pronta para discutir os desdobramentos sociais e éticos dessas tecnologias. “Não é apenas uma questão para os cientistas; juristas e líderes políticos também devem se envolver ativamente nesse diálogo”, conclui.
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