20 julho, 2025
domingo, 20 julho, 2025

Coisas que salvam: um livro barato, uma velha casa, uma lembrança

Compartilhe

O que restou da casa dos meus avós e do silêncio que a seguiu

A casa dos avós: um santuário do passado que, embora destruído, permanece vívido na memória. Essa saudade me lembra de como o que deixou de existir pode moldar quem somos. Dora, uma amiga inquieta, não consegue deixar de criticar a moda atual, apelidando-a de uma repetição sem graça. Mas a verdade é que, se olhássemos para o nosso passado, veríamos que cada época traz consigo um avanço — já pensou como seriam nossos cabelos e corpos se nos despíssemos do tempo?

Minha amiga trouxe à vida uma filha que poderia estar em uma foto dos anos 80, desafiando as tendências atuais. Em meio a essa reflexão, encontrei consolo nas palavras de Clarice Lispector, que expressou como as incertezas e a busca por identidade nos afligem. “Graças a ela, estou aqui”, Dora me confessou. Arte é um refúgio, e aos artistas que nos inspiram, devemos muito.

Nem só os bombeiros salvam vidas; em se tratando das almas que as alentam, devemos aos artistas muitas. Com Clarice, Dora encontrou a filha que precisava na arte, e mesmo longe, a Oceânia ainda conecta corações.

Visitar Jaguaquara, onde a imigração italiana parece ter feito uma pausa, sempre me faz refletir. Uma lembrança essencial, o Ristorante Biancamano, é um símbolo de resistência da memória familiar. Recentemente, ao ver a casa da minha mãe ser demolida em favor de um edifício moderno e sem alma, a nostalgia de Fernando Pessoa me invadiu: um tempo em que “todo mundo estava vivo”.

Foi assim que conheci D. Pequena, com suas memórias afeições por um mendigo peculiar, 7 Trouxa, que vagava pela cidade, um símbolo de histórias que se cruzam. A evolução da cidade e suas novas paisagens, como diz meu pai, deixaram Jaguaquara parecendo a 5ª Avenida. Em uma loja, uma versão de “Os Miseráveis” chamou minha atenção. Preço irrepreensível: R$ 10 poderia comprar tantas histórias!

Ler nessa idade é uma experiência transformadora, e Erico Verissimo moldou minha visão de mundo em minha adolescência. Mas agora, relembrando “Os Miseráveis”, percebo que minha leitura atual, já com um olhar formado, apenas fortalece o que já sei. Preciso ter coragem e ler a obra completa, pois o desejo por conhecimento nunca morre.

Mas a quantidade de livros por aqui é esmagadora. Eles aguardam uma vida inteira por atenção. Se pudéssemos viver várias vezes, quem sabe conseguiríamos explorar todas essas belezas. Escrever me salva do desassossego, assim posso dividir memórias e saudosismos, como a lembrança de 7 Trouxa, dedicando a ele meu amor.

Agora é sua vez! Qual é a sua memória mais querida ou o livro que moldou sua vida? Compartilhe sua história nos comentários e vamos trocar experiências!

Você sabia que o Itamaraju Notícias está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.

Veja também

Mais para você