Dimitri Ganzelevitch, um cidadão do mundo radicado na Bahia há 50 anos, compartilha sua trajetória de vida em seu novo livro, Minha Vida de Jasmim. Com a publicação de 40 crônicas e textos inéditos, ele celebra não apenas suas memórias, mas também um ciclo significativo que encerra ao se despedir do Solar Santo Antônio, sua casa por mais de quatro décadas. O lançamento será neste sábado, 26, na charmosa localidade do Santo Antônio Além do Carmo.
O Solar Santo Antônio, um ícone da cena artística baiana reconhecido como Casa-Museu, foi palco de inúmeras exposições, saraus e encontros entre artistas renomados e emergentes. “Será um momento especial, rodeado de amigos queridos, no lugar que tanto me ofereceu e que agora deixo com gratidão”, reflete Dimitri, revelando uma conexão profunda com o espaço.
O título do livro, um tributo poético à sua infância, é apenas uma das camadas que fazem de suas crônicas uma viagem pelas lembranças de sua juventude, sua casa e os lugares que moldaram sua visão de mundo. Em uma das crônicas mais marcantes, Um Domingo de Tarde em Casablanca, Dimitri descreve a impressão indelével deixada pela coreógrafa e ativista Katherine Dunham, que lhe apresentou um universo repleto de estética e ritmo que influenciou suas escolhas culturais subsequentes.
Dimitri possui um dom especial para a escrita, mesmo em uma língua que não é nativa. “O português é uma língua belíssima! Cada nova palavra descoberta me inspira”, compartilha, com um brilho de entusiasmo nos olhos. Para ele, a narrativa flui como um rio, levando-o de um tema a outro com leveza, sem a preocupação de atar pontas ou buscar um fim definitivo. “A memória continua sua dança, mesmo após o ponto final”, destaca.
Com a edição do livro financiada por ele mesmo, a resposta dos amigos tem sido calorosa. “As crônicas são curtas, fluídas e se deixam ler com facilidade. Se uma não cativa, a outra pode surpreender”, conta Dimitri, que teve seu trabalho revisado pela escritora Clarissa Macedo.
A Bahia representa, para ele, um reencontro com uma atmosfera familiar. “A cidade exige um posicionamento, e a generosidade com que fui acolhido aqui é algo que nunca esqueci”, reflete, enquanto analisa o papel que a arte desempenhou em sua vida. “A beleza acontece no cotidiano, na simplicidade de uma palavra bem dita”, afirma com clareza.
Dimitri se sente um artista multidimensional, moldado por diversas culturas. “Não pertenço a um lugar específico; sou de onde sou bem tratado. E a Bahia, definitivamente, me ofereceu um lar”, diz, com um sorriso que reflete sua relação afetuosa com a terra que escolheu.
O lançamento do livro será acompanhado de um espetáculo teatral que expressará a essência de suas crônicas, dirigido por Bernard Attal, seu amigo de longa data. A peça, que mescla leitura encenada, música e vídeo, promete capturar a alma de Dimitri, respeitando sua sensibilidade e humor.
“O espetáculo será um tributo tanto ao livro quanto à despedida do Solar Santo Antônio, um lugar que não é apenas uma casa, mas um personagem da sua história”, explica Bernard. Sua criação envolveu um mergulho no universo de Dimitri e no legado de um espaço que respira arte e memória.
Lançamento do livro “Minha Vida de Jasmim” / Hoje, 16h / Solar Santo Antônio (Rua Direita de Santo Antônio, 177, Santo Antônio Além do Carmo)
