Em uma revelação impressionante, um esquema de manipulação dentro da Polícia Militar de São Paulo foi exposto, envolvendo fraudes nas gravações das câmeras corporais. A plataforma Evidence, utilizada para armazenar essas imagens, permite a um usuário anônimo deletar registros, levantando sérias preocupações sobre a integridade das provas coletadas.
O Metrópoles teve acesso a documentos que revelam que uma major da polícia, Adriana Leandro de Araújo, seria a responsável por eliminar as gravações do homicídio de Joselito dos Santos Vieira, que ocorreu em 9 de março de 2024 durante a Operação Verão em Santos. Apesar da versão oficial de um confronto armado, familiares contestam a narrativa, alegando que Joselito não estava armado.
Seis policiais estavam na cena, incluindo o coronel Gentil Epaminondas Carvalho, um dos altos comandantes da PM. Informações indicam que a major Adriana manipulou o sistema para proteger os envolvidos, alterando dados cruciais que dificultariam qualquer pesquisa futura sobre o caso.
Bruno Dias, especialista em provas digitais e responsável pela implementação do sistema, afirmou que qualquer policial qualificado pode alterar permissões e até excluir vídeos, criando um ambiente propenso a fraudes. “A vulnerabilidade do sistema é alarmante”, explicou. “É fácil apagar ou modificar dados, o que compromete a legitimidade das gravações como provas”.
“Você pode apagar vídeos avulsos ou em massa, mudar datas e atribuições. Isso é grave”, complementou Dias.
Destacamos que no dia 10 de março de 2024, a gravação da câmera do soldado Thiago da Costa Rodrigues foi incrivelmente acessada e tive suas informações alteradas por Adriana, que atribuiu a gravação a um usuário anônimo. Essas manobras sem precedentes levantam sérias dúvidas sobre a capacidade de manter a cadeia de custódia e validade dos registros de vídeo.
O especialista em cadeia de custódia, Sergio Hernandez, criticou a confiabilidade do modelo da Axon, afirmando que é impossível garantir que as gravações apresentadas como provas são genuínas, devido à falta de proteção no processo de coleta e armazenamento. Ele afirma que “um sistema que permite edição não pode ser considerado confiável.”
As câmeras corporais, introduzidas em São Paulo em 2021, inicialmente mostraram-se promissoras, mas agora enfrentam críticas severas, especialmente após recentes contratos com novos fornecedores que não oferecem a mesma eficácia tecnológica. Para especialistas, essa mudança representa um retrocesso significativo nas tentativas de aumentar a transparência nas operações policiais.
Questionada sobre o caso, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) caminhou em direção a uma investigação rigorosa, reafirmando seu compromisso com a legalidade e a transparência. Contudo, a falta de resposta da major Adriana e do coronel Carvalho gera ainda mais incertezas sobre a responsabilidade e comprometimento em esclarecer os fatos.
O que você pensa sobre essa situação? Acredite que haverá responsabilidade e mudança real dentro da corporação? Deixe seu comentário abaixo e compartilhe sua opinião.