
A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) desembolsou a impressionante quantia de R$ 3,5 milhões para a Millennium Eventos, uma empresa que atualmente está sob a mira da Polícia Federal (PF) em uma investigação sobre supostos desvios de emendas parlamentares. A Millennium foi contratada para desempenhar várias funções no evento “Câmara Mais Perto de Você”, abrangendo desde o planejamento operacional até a montagem de infraestrutura e fornecimento de mão de obra.
Em 2023, a empresa já recebeu R$ 1,8 milhão, e no ano seguinte, o valor pago foi de R$ 1 milhão. Até agora, em 2025, os repasses somam R$ 572,6 mil. O contrato com a CLDF é inicialmente válido por 12 meses, mas pode ser prorrogado por até cinco anos, permanecendo ativo até 2028.
Recentemente, a Millennium Eventos foi alvo da Operação Korban, uma ação conjunta da PF e da Controladoria-Geral da União (CGU), que resultou em buscas e apreensões autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino. O escândalo envolveria emendas parlamentares que totalizam R$ 53 milhões direcionadas à ONG Associação Moriá nos últimos dois anos.
A investigação revelou que a Millennium, de propriedade do empresário Alejandro Parrilla, recebeu quase R$ 1 milhão da Associação Moriá, que, por sua vez, subcontratou a LG Promoções e Eventos, outra empresa vinculada a Parrilla, que celebrou contratos de R$ 4,2 milhões com a ONG. Não apenas as empresas, mas Alejandro e sua ex-companheira, Ludmila Cardoso Jardim Gomes, foram alvos de busca e apreensão e bloqueio de bens, após indícios de conluio e fraudes.
Curiosamente, o endereço oficial da Associação Moriá no Setor de Rádio e TV Norte está registrado em nome de um familiar de Parrilla. A realidade é que as atividades da ONG ocorriam no Centro de Eventos Millennium Convention Center, onde Parrilla tem participação.
Auditores apontaram possíveis direcionamentos indevidos em contratações e evidenciaram a forçada utilização de empresas de fachada para a execução de projetos, especialmente aqueles voltados para o ensino de games como LoL e Free Fire. O retorno financeiro envolvia R$ 46 milhões em emendas, dos quais apenas R$ 8 milhões foram pagos até o momento. Após revelações de irregularidades, os parlamentares do DF decidiram suspender os pagamentos.
A Associação Moriá é dirigida por indivíduos considerados “laranjas”, como um ex-cabo do Exército, um motorista e uma esteticista, e não funciona no endereço registrado. Diante dessa situação, o ministro Flávio Dino exigiu esclarecimentos da Advocacia-Geral da União e do Congresso.
Por sua vez, a CLDF defende a legalidade do contrato com a Millennium Eventos, que resultou de processo licitatório, e atribui a prestação de diversos serviços institucionais à empresa. No entanto, a coluna tentou contato com Alejandro e Ludmila sem sucesso, e o espaço permanece aberto para quaisquer comentários.
Essa situação levanta questões importantes sobre a transparência e a responsabilidade na gestão de recursos públicos. O que você acha sobre esse escândalo? Deixe sua opinião nos comentários!