4 agosto, 2025
segunda-feira, 4 agosto, 2025

Pesquisa aponta que quase um terço dos cuidadores ainda recorre a castigos físicos na primeira infância, apesar de proibição legal

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Apesar das proibições legais, uma pesquisa recente revelou que 29% dos cuidadores de crianças de até seis anos ainda recorrem a castigos físicos como método de disciplina. Alarmantemente, 13% deles admitiram usar essa prática com frequência. Esses dados são parte do estudo intitulado “Panorama da Primeira Infância”, elaborado pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal em parceria com o Instituto Datafolha, que ouviu 2.206 pessoas em todo o Brasil, sendo 822 diretamente responsáveis por crianças na faixa etária analisada.

O levantamento, que integra as ações da campanha Agosto Verde, cujo objetivo é aumentar a conscientização sobre a importância da primeira infância, expõe uma realidade preocupante. Por exemplo, 17% dos entrevistados veem os castigos físicos como uma forma eficaz de disciplina, enquanto 12% reconhecem que, apesar de saberem que essa prática é ineficaz, ainda assim a utilizam. Além disso, 14% mencionaram que utilizam gritos ou brigas como forma de lidar com comportamentos indesejados.

Desde 2014, a Lei da Palmada (Lei nº 13.010/2014) proíbe qualquer forma de disciplina física ou tratamento cruel contra crianças e adolescentes. Essa legislação não apenas visa proteger as crianças, mas também prevê medidas socioeducativas para os responsáveis, como advertências e programas de orientação, em memória de Bernardo Boldrini, uma vítima de maus-tratos.

Mariana Luz, diretora-executiva da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, critica a persistência de uma cultura que normaliza a violência. Ela enfatiza que frases como “eu apanhei e sobrevivi” perpetuam uma visão distorcida da infância. “Essas práticas não ajudam e não resolvem”, afirma. A pesquisa indica que, apesar de métodos alternativos como diálogo e explicação (96% dos cuidadores), há uma crença arraigada de que o uso de agressões resulta em mais respeito e autoridade, mesmo que isso cause comportamentos agressivos e baixe a autoestima da criança.

Curiosamente, 84% dos entrevistados desconhecem que a primeira infância é a fase mais crucial para o desenvolvimento humano, que se estende do nascimento até os seis anos, de acordo com a legislação brasileira. Mariana Luz ressalta que, nesse período, formam-se 90% das conexões cerebrais, com incríveis um milhão de sinapses acontecendo a cada segundo. Ela aponta que, mesmo com evidências científicas, 41% das pessoas acreditam que o maior desenvolvimento ocorre na vida adulta.

Diante de tais dados, a diretora destaca a necessidade urgente de ampliar o debate e as campanhas educativas. Cita o economista James Heckman, que comprovou que cada dólar investido na primeira infância gera um retorno social de até sete dólares, impactando positivamente áreas como educação, saúde e segurança pública. A transformação começa pela conscientização e pelo investimento no futuro de nossas crianças.

E você, o que acha sobre a disciplina na infância? Vamos conversar sobre isso nos comentários! A sua opinião é importante!

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