O recente despenho das ações da Petrobras na B3, a bolsa de valores de São Paulo, suscita um debate acalorado sobre os dividendos que serão pagos aos acionistas. Segundo Fernando Melgarejo, diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores da companhia, a insatisfação com o montante divulgada impactou diretamente os investimentos, levando as ações a uma queda expressiva de cerca de 7% durante o pregão desta sexta-feira (8).
Melgarejo explicou que a expectativa em relação à distribuição dos dividendos foi frustrada, uma vez que o resultado deste trimestre foi influenciado por eventos não recorrentes. “Entendemos que essa reação do mercado é passageira”, destacou, crendo que os fundamentos da empresa são sólidos e devem prevalecer a longo prazo.
Na noite anterior, a Petrobras anunciou um pagamento total de R$ 8,66 bilhões em dividendos e Juros sobre Capital Próprio, correspondente a R$ 0,67192409 por ação. O governo brasileiro, que detém 50,26% das ações com direito a voto, receberá aproximadamente 29% do montante, com o restante destinado ao BNDES. Esta estrutura de controle é importante para entender o papel da estatal no mercado.
O resultado financeiro também revela que, embora o lucro líquido tenha registrado R$ 26,7 bilhões no segundo trimestre de 2025—um declínio de 24,3% em relação ao trimestre anterior—, ele ainda supera o déficit de R$ 2,6 bilhões do mesmo período do ano passado. Para Melgarejo, esses números são uma demonstração positiva da operacionalidade da empresa, com 75% das recomendações de analistas sugerindo compra de ações.
Entretanto, a companhia enfrenta desafios relacionados ao preço do petróleo no mercado internacional, que caiu para uma média de US$ 67,82 por barril. A possibilidade de dividendos extraordinários pode estar condicionada não apenas à geração de caixa operacional suficiente, mas também à estabilização ou aumento desses preços. “Se a tendência continuar, as chances de pagamento de dividendos adicionais diminuem”, admitiu Melgarejo.
Por outro lado, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) vê a decisão de não pagar dividendos extraordinários como uma oportunidade de reinvestimento. Para o coordenador-geral Deyvid Bacelar, esta é uma medida que pode reduzir a expropriação da riqueza da estatal e permitir um crescimento sustentável. A política de dividendos da Petrobras, que exige um endividamento controlado, reflete um compromisso em balancear interesses dos acionistas e a saúde financeira da empresa.
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