14 agosto, 2025
quinta-feira, 14 agosto, 2025

EUA tentam asfixiar Cuba via bloqueio da exportação de serviço médico

Compartilhe

Logo Agência Brasil

Em uma manobra que ecoa tensões políticas de longa data, os Estados Unidos, sob a administração Trump, cancelaram os vistos de funcionários de programas de cooperação médica com Cuba, afetando também profissionais de outros países como Brasil e algumas nações africanas. Essa ação visa pressionar ainda mais a ilha caribenha e complicar a colaboração médica que, historicamente, tem beneficiado tanto Cuba quanto os países que a acolhem.

Hugo Albuquerque, especialista em geopolítica, observa que este é um passo ousado para intensificar o isolamento de Cuba, em um contexto onde a política externa americana busca, ao mesmo tempo, reverter a influência cubana no Brasil. “É uma provocação que pretende desestabilizar uma política de cooperação que, durante anos, foi benéfica tanto para Cuba quanto para os países que necessitam de médicos”, afirma ele, referindo-se ao programa Mais Médicos.

O Departamento de Estado americano, liderado por Marco Rubio, um descendente de cubanos, justifica a manobra alegando que ela visa combater a exploração de trabalhadores cubanos. “Esse esquema enriquece o corrupto regime cubano, enquanto priva os cubanos de cuidados médicos essenciais”, afirmaram em um comunicado.

Miguel Díaz-Canel, presidente de Cuba, não hesitou em criticar a ação dos EUA, defendendo que a colaboração médica não é apenas uma fonte de receitas para a ilha, mas uma questão de dignidade e ajuda humanitária. Ele enfatiza que, embora a cooperação médica traga benefícios financeiros, muitas das missões cubanas são oferecidas de forma voluntária e gratuita, atendendo comunidades necessitadas ao redor do mundo.

Desde fevereiro, a pressão da Casa Branca sobre países que se associam a Cuba na área médica tem sido constante, ameaçando cancelar acordos e isolar a ilha ainda mais. Este setor é vital para Cuba, representando 46% das suas exportações em 2019 e contribuindo significativamente para o PIB do país. Há mais de seis décadas, os EUA impõem um embargo econômico a Cuba com o objetivo explícito de obrigar mudanças em seu regime político, uma ação amplamente condenada pela comunidade internacional por violar direitos humanos e soberania.

Ao longo das últimas seis décadas, mais de 605 mil médicos cubanos atuaram em 165 países, em programas que se tornaram um pilar da diplomacia cubana, especialmente no Caribe, onde muitos líderes já se manifestaram contra as ameaças dos EUA em suspender essa cooperação. A primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley, recorda como a presença de profissionais cubanos foi crucial durante a pandemia de Covid-19, destacando que sua contribuição foi feita em igualdade de condições com os locais.

“Se isso significa perder um visto dos EUA, que assim seja. Nossa prioridade é salvar vidas”, afirmou Mottley, sublinhando a posição firme dos líderes caribenhos diante da pressão americana. O primeiro-ministro de Trinidad e Tobago, Keith Rowley, expressou descontentamento com as alegações de tráfico de pessoas, reiterando que sua nação paga os médicos cubanos da mesma maneira que paga aos locais.

Essa resistência não está restrita apenas a Barbados e Trinidad e Tobago; Ralf Gonsalves, primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, fez ecoar uma visão similar, afirmando que não poderia sacrificar a saúde de sua população por questões administrativas. “Se os cubanos não estiverem aqui, quem vai oferecer serviços médicos essenciais?”, questionou ele, argumentando contra a lógica das sanções americanas que ameaçam vidas.

No Brasil, a situação é igualmente complexa. O analista Hugo Albuquerque sugere que o cancelamento de vistos ligados ao programa Mais Médicos é uma tentativa de o governo Trump escalar a confrontação com o Brasil, que está em busca de uma maior independência global no meio da guerra comercial com a China. “O Brasil está se tornando um experimento para os EUA, que não estão disposto a oferecer recompensas por cooperar com seus interesses, o que só serve para acirrar conflitos”, conclui Albuquerque.

Entre 2013 e 2018, o Programa Mais Médicos teve um impacto positivo na saúde pública brasileira, respondendo por uma significativa melhora na atenção básica. O que resta agora é garantir a continuidade desse legado, mesmo diante de oposição política e pressões internacionais. O Brasil, que ainda conta com cerca de 2,6 mil médicos cubanos atuando no Mais Médicos, precisa encontrar formas de sustentar essa importante colaboração enquanto lida com os desafios impostos pela nova política americana.

E você, o que acha dessa situação? Como vê a cooperação médica entre Cuba e outros países diante das pressões externas? Deixe sua opinião nos comentários.

Você sabia que o Itamaraju Notícias está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.

Veja também

Canaltech
O Itamaraju Notícias está no WhatsApp! Entre no canal e acompanhe as principais notícias da região

Mais para você