
No final de julho, uma notícia ressoou por todo o Brasil: o país saiu do Mapa da Fome. Após um período crítico entre 2020 e 2022, quando 4,7% da população estava em risco de subnutrição, agora esse índice caiu para menos de 2,5% — um avanço significativo, reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Contudo, essa conquista é apenas o primeiro passo. Para garantir uma verdadeira segurança alimentar, é fundamental colocar a biodiversidade brasileira no centro das discussões.
O relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2025 (SOFI 2025) trouxe à tona dados que vão além da simples disponibilidade de alimentos; eles refletem a urgência de diversificar a dieta dos brasileiros. O SOFI, elaborado por cinco agências da ONU, analisa aspectos da fome, obesidade e insegurança alimentar, oferecendo uma visão clara do que realmente está em jogo.
Entender os conceitos de “insegurança alimentar” e “subnutrição” é vital. A insegurança alimentar refere-se à percepção das famílias sobre o acesso a alimentos, enquanto a subnutrição mede a ingestão calórica real. Esta última é fundamental, pois traduz os desafios enfrentados diariamente pela população em termos de nutrição básica.
Apesar do Brasil ser um grande produtor de grãos, a insegurança alimentar é mais intensa nas áreas rurais, mostrando que a simples oferta de alimentos não é suficiente. Um estudo da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) destaca que, mesmo com recordes de produção, a escassez continua a ser um problema persistente, especialmente na população rural.
A boa notícia é que, entre 2021 e 2024, a proporção de pessoas com dificuldades para adquirir alimentos saudáveis caiu de 29,8% para 23,7%. Simultaneamente, a prevalência de insegurança alimentar severa também diminuiu drasticamente, de 7,3% para 3,4%. Isso mostra um caminho promissor, mas a falta de diversidade na dieta ainda é um desafio crítico.
O que a maioria das pessoas não sabe é que apenas 1 em cada 100 brasileiros consome regularmente alimentos biodiversos. Essa alarmante estatística indica um enorme descompasso entre a rica biodiversidade do país e os hábitos alimentares. Cogumelos, carnes de caça e plantas alimentícias não convencionais são apenas alguns exemplos de recursos subutilizados que poderiam enriquecer as refeições e melhorar a saúde da população.
Surpreendentemente, os sistemas alimentares são responsáveis por cerca de 70% das emissões de gases de efeito estufa no Brasil. Assim, é essencial repensar essas práticas e investir em educação e pesquisa sobre a biodiversidade alimentar, promovendo um sistema de governança participativa para garantir uma produção sustentável e diversificada.
Em um mundo repleto de crises sociais e ambientais, a garantia do direito à alimentação se torna mais urgente do que nunca. A solução exige não apenas análise social e econômica, mas também um entendimento do papel vital da biodiversidade na criação de sistemas alimentares sustentáveis e resilientes. O que você pensa sobre a diversidade alimentar em sua dieta? Deixe seu comentário! Vamos conversar sobre como ampliar a variedade no prato dos brasileiros.