As relações comerciais entre os Estados Unidos e a Índia passaram por uma reviravolta significativa. As tarifas sobre as importações indianas, que antes eram de 25%, dispararam para 50% a partir do dia 27. Essa decisão do presidente Donald Trump visa punir Nova Délhi por suas compras de petróleo da Rússia, uma ação que, segundo ele, financia a guerra na Ucrânia. A Índia, segundo maior importador de petróleo russo, ficou em uma posição delicada, especialmente em um momento em que suas exportações para os EUA alcançaram impressionantes US$ 87,3 bilhões em 2024.
A resposta da Índia foi imediata, caracterizando a medida como “injusta, injustificável e irracional”. A associação de exportadores do país expressou preocupação com possíveis perdas de emprego e pediu ao governo uma intervenção urgente. Esse cenário tenso pode levar Nova Délhi a reconsiderar suas alianças, talvez fortalecendo os laços com Pequim, seu rival histórico.
Não é a primeira vez que Trump adota uma abordagem agressiva contra parceiros comerciais. A tarifa de 50% é uma das mais altas já impostas, embora isenções estejam disponíveis para setores críticos, como produtos farmacêuticos e semicondutores. O governo dos EUA também iniciou investigações em outras indústrias, ponderando a possibilidade de novas tarifas. A lista de isenções inclui setores já penalizados, como aço e veículos.
No entanto, a repercussão negativa foi rápida. Exportadores indianos de têxteis, frutos do mar e joalheria reportaram um aumento nos pedidos cancelados, com concorrentes como Bangladesh e Vietnã se aproveitando da situação. Ajay Sahai, diretor-geral da Federação de Organizações Exportadoras da Índia, pediu apoio governamental para assegurar a continuidade dos salários, mesmo em meio à crise.
Em resposta ao impacto econômico, o primeiro-ministro Narendra Modi se comprometeu a “reduzir a carga tributária sobre as pessoas comuns” durante seu discurso anual de independência. O Ministério das Relações Exteriores ressaltou que a Índia começou a importar petróleo russo para estabilizar seu mercado energético, levando em consideração que seus fornecedores tradicionais estavam redirecionando suas produções para a Europa.
As compras de petróleo russo representaram cerca de 36% do total das importações indianas em 2024, oferecendo um alívio financeiro significativo. Contudo, essa dinâmica trouxe à tona declarações contundentes, como as de Peter Navarro, conselheiro econômico de Trump, que argumentou que a Índia estava negligenciando seu papel no conflito e se aproximando de Xi Jinping, o líder chinês.
Wendy Cutler, do Asia Society Policy Institute, expressou sua preocupação com a deterioração da confiança entre os dois países, que, segundo ela, poderá levar anos para ser restaurada. Trump, ao incrementar as tarifas, procura enfrentar práticas comerciais que considera desleais, destacando um padrão que se revela cada vez mais em suas interações comerciais globais.
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