
Em um desdobramento notável, a Volkswagen do Brasil decidiu recorrer da condenação que a responsabiliza por manter trabalhadores em condições análogas à escravidão no Pará. A sentença, emitida pela Vara do Trabalho de Redenção e divulgada no dia 29, impõe à montadora o pagamento de nada menos que R$ 165 milhões em indenizações. As violações ocorreram na fazenda Vale do Rio Cristalino entre 1974 e 1986, onde práticas de servidão por dívida e vigilância armada eram uma realidade para os funcionários.
Adquirida na década de 1970 durante o regime militar, a fazenda foi parte de um projeto governamental de expansão pecuária na Amazônia. A Volkswagen, em nota, reafirmou seu compromisso com os princípios da dignidade humana e informou que sua filial seguirá lutando por justiça nas instâncias superiores. “Com um legado de 72 anos no Brasil, defendemos rigorosamente as leis e regulamentos trabalhistas”, argumentou a empresa.
A decisão judicial não se limita a questões financeiras; ela exige também que a Volkswagen reconheça publicamente sua responsabilidade e peça desculpas às vítimas. O juiz Otavio Bruno da Silva Ferreira enfatizou que há provas robustas que ligam a montadora à exploração ilegal da mão de obra na fazenda, tornando claro que as condições de trabalho eram desumanas. Trabalhadores enfrentavam vigilância de seguranças armados, moravam em alojamentos precários e não recebiam a alimentação e a assistência médica necessárias.
Um relato impactante veio de José Pereira, um ex-trabalhador da fazenda, que descreveu os horrores vividos: “Se alguém tentava escapar, os guardas os perseguiam e, em alguns casos, até atiravam. Espancavam aqueles que conseguiam fugir. Todos viam isso acontecer”. A Volkswagen, que começou a reduzir suas operações na fazenda em 1986, agora tem a chance de refletir sobre esse capítulo obscuro de sua trajetória.
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