11 setembro, 2025
quinta-feira, 11 setembro, 2025

PM usa bomba de gás e dispersa manifestantes na Favela do Moinho

Compartilhe

Na noite de quarta-feira, 10 de setembro, a Favela do Moinho, em São Paulo, foi palco de um intenso protesto. Moradores, indignados com a prisão de sua líder, Alessandra Moja, encontraram a resposta da Polícia Militar em forma de bombas de gás lacrimogêneo. Com essa abordagem, a PM buscava dispersar a multidão que clamava por justiça e direitos. A operação foi uma resposta imediata da Secretaria da Segurança Pública, que acionou equipes do BAEP e da Tropa de Choque para controlar a situação.

Esse episódio ocorreu em um contexto mais amplo, onde a comunidade recentemente se tornara alvo da Operação Sharpe. Realizada na manhã de 8 de setembro, essa ação coordenada pelo Ministério Público de São Paulo e as polícias Civil e Militar resultou em dez prisões e 14 buscas. As investigações revelaram que Leonardo Moja, conhecido como Leo do Moinho, liderava uma rede complexa de tráfico e controle na favela, utilizando sua irmã, Alessandra, para executar suas ordens enquanto estava atrás das grades.

Mas as ameaças vão além das prisões. Moradores da Favela do Moinho relataram que estavam sendo coagidos a pagar exorbitantes quantias, que chegavam a R$ 100 mil, como uma forma de “multa” para aceitar a realocação a apartamentos oferecidos pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU). Este cenário alarmante se transformou em uma investigação de extorsão pela Polícia Civil e chamou a atenção do Grupo de Combate ao Crime Organizado do MPSP.

No entanto, a luta por melhores condições de vida em meio a um cenário tão conturbado não parou. O governo federal anunciou, em maio, um programa de moradias gratuitas para os moradores da favela, destinando R$ 250 mil por família. Apesar dessa promessa de melhoria, existe uma tensão política entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Tarcísio de Freitas, que se manifestam na disputa por controle sobre a questão habitacional.

Em um evento emblemático em julho, Alessandra Moja subiu ao palanque com o presidente Lula. O líder ressaltou a importância de justiça social e criticou a percepção negativa associada aos moradores de favelas. Ele enfatizou o impacto positivo do programa habitacional, que visa beneficiar 900 famílias. No entanto, por trás dessa fachada de esperança, as operações do PCC na favela continuavam a gerar e implementar uma cultura de medo e insegurança.

Investigações indicam que o PCC havia infiltrado seus tentáculos em movimentos sociais da Favela do Moinho, manipulando a situação a favor de seus interesses. A extorsão, alimentada pelo medo, tornou-se um modus operandi, onde até mesmo aqueles que concordavam em se mudar para novas habitações eram pressionados a pagar propinas e impostos não oficiais.

A situação se tornou ainda mais tensa quando moradores começaram a relatar ameaças explícitas. “Eu vou te achar” se tornou uma frase rotineira entre os que se opõem à extorsão praticada, perpetuando o clima de pânico. Alguns, angustiados, decidiram deixar suas casas à noite, à revelia da ajuda oferecida, temendo represálias.

Essa luta dos moradores da Favela do Moinho é uma representação visceral das contradições que permeiam a luta social e política no Brasil. Enquanto melhorias habitacionais estão em pauta, a sombra da criminalidade continua a ameaçar aqueles que buscam mudança. A comunidade, marcada por coragem e resiliência, ainda precisa de suporte e visibilidade.

O que você pensa sobre essa realidade? Compartilhe suas reflexões nos comentários e junte-se a essa discussão que afeta todos nós.

Você sabia que o Itamaraju Notícias está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.

Veja também

Mais para você