O governo espanhol acaba de dar um passo audacioso, cancelando um contrato de bilhões com empresas ligadas à produção de armamentos israelenses. Essa decisão marca um embrião de um embargo total à cooperação militar com Israel, uma medida que amplifica ainda mais as tensões entre Madri e Tel Aviv.
O acordo, que envolvia a aquisição de 12 unidades de um sistema de lançamento de foguetes de alta mobilidade (SILAM), estava sendo conduzido por um consórcio de empresas espanholas, que prometia transferência de tecnologia e produção local. Com essa decisão, o governo de Pedro Sánchez demonstra um compromisso firme com princípios éticos, especialmente em um momento de crise humanitária.
Recentemente, o primeiro-ministro anunciou um pacote de nove medidas para, segundo ele, “deter o genocídio em Gaza”. O embargo à venda e compra de armas com Israel, o bloqueio de portos e aeroportos para transporte militar e a proibição de entrada a autoridades israelenses acusadas de crimes de guerra estão entre essas ações drásticas. Sánchez não hesitou em afirmar: “Isto não é defender-se. Não é sequer atacar. É exterminar um povo indefeso.”
A partir desse momento, a Espanha se posicionou de maneira clara em relação à sua agenda de direitos humanos. O governo também decidiu proibir a importação de produtos de assentamentos ilegais na Cisjordânia, além de restringir serviços consulares a cidadãos que vivem em territórios ocupados. Uma postura que vai além das palavras e se reflete em ações concretas.
Entretanto, a reação de Israel foi imediata e feroz. O ministro das Relações Exteriores, Gideon Saar, não poupou críticas, acusando a Espanha de “institucionalizar o antissemitismo”. Além disso, a vice-presidente Yolanda Díaz e a ministra Sira Rego, que pressionam por uma conduta mais rigorosa contra Israel, foram declaradas “persona non grata”.
Saar também relembrava a história, citando a expulsão dos judeus em 1492 e chamando o governo espanhol de “corrupto e sem autoridade moral”. As tensões aumentam conforme Madri intensifica sua ajuda humanitária à Palestina, com uma contribuição prevista de € 150 milhões para Gaza até 2026.
Neste cenário, a crise diplomática entre os dois países atinge um novo ápice. A embaixadora espanhola em Tel Aviv foi convocada para consultas, enquanto o embaixador israelense em Madri também foi chamado ao diálogo após incidentes diplomáticos relacionados à Flotilha da Liberdade. Sánchez, defensor da solução de dois Estados, não hesita em usar um vocabulário forte, declarando que “o que ocorre em Gaza não tem nome, mas tem uma palavra: genocídio.”
As ações de Madrid prenunciam um marco nas relações entre esses países e abrem espaço para debates sobre ética e direitos humanos no cenário internacional. E você, qual a sua opinião sobre essa situação? Deixe seu comentário e participe dessa conversa tão relevante.