DIA DA VISIBILIDADE BISSEXUAL
Como Freud Amplia a Nossa Compreensão sobre a Bissexualidade

No Dia da Visibilidade Bissexual, celebrado a 23 de setembro, refletimos sobre a sexualidade e suas nuances. A afirmativa de Sigmund Freud, considerado o “pai da psicanálise”, ecoa: todos somos bissexuais. Mas o que isso realmente significa?
Freud não estava apenas falando sobre orientação sexual; ele propôs que nossa mente é uma tapeçaria de identidades masculinas e femininas. Para ele, a sexualidade é um espectro, muito além da simples atração por um gênero ou outro.
A psicoterapeuta e neurocientista Ana Chaves nos ajuda a entender essa ideia. “Freud acreditava que desde nosso desenvolvimento inicial, todos nós temos uma disposição bissexual, a capacidade de sentir atração ou identificação com características de ambos os sexos”, explica. Essa visão não se limita à sexualidade física, mas também à maneira como nos conectamos com o mundo ao nosso redor.
Em um nível mais profundo, Freud via todos nós como possuidores de uma mistura interna de masculinidade e feminilidade. Isso não quer dizer que todas as pessoas vão se relacionar sexualmente com ambos os gêneros; é sobre como amamos e desejamos, que frequentemente transcende as limitações tradicionais.

Mas como essa bissexualidade se manifesta na prática? Segundo Freud, ela se revela em diversas camadas, desde identificações familiares até sonhos e desejos inconscientes. Homens podem se identificar com figuras femininas, como mães ou irmãs, enquanto mulheres podem ver traços masculinos em figuras como pais ou amigos.

Ana salienta que mesmo pessoas heterossexuais possuem um universo de possibilidades. “Freud nos ensina que, em sonhos e fantasias, encontramos uma mescla de elementos masculinos e femininos, indicando que todos temos essas camadas psíquicas”, completa.
Para jovens bissexuais, a experiência é multifacetada. Amora Lima, de 21 anos, descreve a bissexualidade como um espaço de contrastes. “Não se resume a atração sexual; são sentimentos e conexões que variam conforme a pessoa,” diz. Para ela, os relacionamentos com mulheres oferecem um sentido de compreensão, enquanto com homens, há um cuidado redobrado devido a questões sociais preocupantes.
A advogada Milena Espírito Santo também traz sua visão. Para ela, ser bissexual vai além da atração: “Envolve conexão emocional e identificação, expandindo o que significa se relacionar.” Através dessa compreensão, ela enfrenta estereótipos, reafirmando que a bissexualidade é parte dela, sem a definir totalmente.

Ao refletir sobre a sexualidade, a abordagem de Freud se torna uma chave poderosa para desmantelar preconceitos. Ao aceitar que todos possuímos, em algum nível, essa bissexualidade, torna-se claro que a diversidade não é exceção, mas sim uma parte fundamental da condição humana.
Este dia é um convite à reflexão: como nossas experiências moldam nossa identidade e nosso entendimento sobre o amor? Participe da conversa e compartilhe suas ideias nos comentários. Sua voz é importante!