O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, alertou, nesta terça-feira (30/9), sobre os principais sintomas relacionados à intoxicação por metanol a partir do consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. Nessa segunda-feira (29/9), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, determinou que a Polícia Federal abra um inquérito para investigar a procedência e a rede de distribuição por trás dos casos. Três mortes foram confirmadas em São Paulo.
“A primeira coisa que aparece é a dor, uma dor muito diferente porque é uma dor em cólica. Então, é uma dor diferente do que normalmente [acontece]. As pessoas, às vezes, quando fazem ingestão de bebida alcoólica, sentem uma queimação, falam que estão com azia, aquela coisa da ressaca. Não é a queimação, não é a azia. Pode até ter isso também, mas a dor em cólica é algo que chama muito atenção nesses casos”, informou Padilha.
O ministro também alertou sobre alterações na visão. Segundo ele, o metanol agride o sistema nervoso central e, por consequência, o nervo ótico, prejudicando a visão.
Padilha destacou que os sintomas não aparecem de imediato. “Sentiu 12 horas depois? Pode ser intoxicação com metanol. Sentiu 24 horas depois? Pode ser intoxicação com metanol”.
As declaração foram dadas durante entrevista coletiva sobre o plano de ação do governo federal diante dos casos de intoxicação pela substância.
Além de Padilha e Lewandowski, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, participou da coletiva.
Inquérito da PF
Será investigada a participação de facções criminosas na adulteração das bebidas e se há casos fora de São Paulo. “O objetivo é verificar a procedência dessa droga e a rede possível de distribuição, que, ao que tudo indica, transcende os limites de um estado”, disse Lewandowski.
Andrei Rodrigues detalhou a possibilidade de ligação do crime organizado com a adulteração de bebidas com metanol:
“Dentro das razões [para a investigação da PF], a possível conexão com investigações recentes que fizemos, especialmente no Paraná, que se conectou com outras duas em São Paulo, em razão de toda a cadeia de combustível. Uma parte disso passa pela importação de metanol pelo [Porto de] Paranaguá. Portanto, a necessidade de entrarmos nesse caso por essas razões. A investigação dirá se há conexão com o crime organizado”.
Casos
Segundo técnicos dos ministérios da Saúde e da Segurança Pública, são 17 casos notificados até o momento: seis confirmados, um descartado e 10 em investigação. Todas as ocorrências ocorreram no estado de São Paulo. Veja os municípios:
- Limeira: um caso em investigação
- São Paulo (capital): cinco casos em investigação, seis confirmados e um descartado
- São Bernardo do Campo: dois em investigação
- Itapecerica da Serra: um em investigação
- Campinas: um em investigação
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) confirmou três mortes em decorrência da ingestão de bebidas contendo metanol, altamente inflamável e tóxico à saúde humana.
As vítimas são:
- Homem de 45 anos, morador de São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo;
- Homem de 48 anos, morador de Itu, faleceu em São Bernardo do Campo;
- Homem de 54 anos, morador da capital paulista.