A coluna apurou que a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) vai ouvir, na próxima semana, os comerciantes que venderam as bebidas ingeridas pelo cantor Gustavo da Hungria Neves, o Hungria Hip Hop, de 34 anos, internado às pressas, na manhã dessa quinta-feira (2/10), com suspeita de intoxicação por metanol. O laudo que vai confirmar a presença da substância deve ficar pronto em até sete dias.
Hungria segue internado no Hospital DF Star, em Brasília, onde apresenta melhora clínica, de acordo com o último boletim médico.
Ele chegou à unidade com quadro de cefaleia, náuseas, vômitos, visão turva e acidose metabólica, sintomas típicos da intoxicação por metanol. Como medida de precaução, foi transferido para a UTI, mas já se encontra fora de risco iminente.
Investigações e apreensões
Equipes da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), em conjunto com a Vigilância Sanitária (VISA-DF), ANVISA e Ministério da Agricultura (MAPA), já recolheram amostras das bebidas consumidas pelo cantor e de lotes adquiridos em uma distribuidora de bebidas e um supermercado de Brasília. Todo o material foi encaminhado ao Instituto de Criminalística, onde passa por perícia.
A distribuidora Amsterdan, em Vicente Pires, que vendeu as bebidas ao artista, foi interditada por não possuir licença de funcionamento. Além disso, havia indícios de comercialização de bebidas clandestinas. Todo o estoque do lote suspeito foi apreendido.
Contexto nacional
Este é o primeiro caso suspeito de intoxicação por metanol no DF. No país, o Ministério da Saúde monitora 59 casos relacionados à substância, sendo 11 confirmações e uma morte. Os episódios mais graves ocorreram em São Paulo, onde bebidas adulteradas foram identificadas em bares e distribuidoras.
O metanol, um álcool impróprio para consumo, pode causar cegueira irreversível e até a morte. O Ministério da Saúde e a Secretaria de Saúde do DF orientam que casos suspeitos sejam comunicados ao CIATox (99288-9358 / 0800 644 6774) e notificados ao CIEVS-DF.
Próximos passos
Enquanto aguardam os laudos, investigadores também apuram a procedência das bebidas e se há ligação com os lotes adulterados já identificados em São Paulo. O objetivo é descobrir se outras garrafas contaminadas podem ter chegado ao mercado do DF.
O Governo do Distrito Federal anunciou que vai intensificar a fiscalização de bares, distribuidoras e supermercados a partir desta sexta-feira (3/10).
Em comunicado, a distribuidora Amsterdan afirmou que “comercializa exclusivamente produtos com certificado de origem, todos devidamente acompanhados de nota fiscal”. Apesar disso, a empresa foi interditada por falta de alvará e por suspeita de comércio irregular.