Sem a ação desses trabalhadores, a taxa de desocupação no do país seria cinco vezes maior, segundo dados do Sebrae, com base na PNAD Contínua do IBGE
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s donos de negócios representam 27,4 % da taxa de ocupação nacional
Neste 5 de outubro, Dia do Empreendedor, os dados revelam algo poderoso: o empreendedorismo não é apenas uma alternativa de renda — é uma força ativa na redução do desemprego no país. Segundo levantamento do Sebrae, com base na PNAD Contínua do IBGE, sem os empreendedores, a taxa de desocupação no Brasil seria cinco vezes maior.
O impacto é evidente de acordo com o estudo. Em 2024, 94 % da população economicamente ativa estava ocupada: o maior índice desde 2019. Um em cada quatro brasileiros ocupados é empreendedor. Os donos de negócios representam 27,4 % da taxa de ocupação nacional: 23,5 % atuam por conta própria, enquanto 3,9 % são empregadores. A formalização também cresceu: de 8,1 % para 9,3 % entre 2019 e 2024.
Para o presidente do Sebrae, Décio Lima, o empreendedorismo “deixou de ser apenas uma escolha individual e passou a ser parte estratégica da política de desenvolvimento do país”.
Por trás dos dados, trajetórias que começam pequenas e crescem com coragem, criatividade e muito trabalho
Entre os milhares de exemplos que ilustram o impacto do empreendedorismo no Brasil, a história de Washington Vasconcellos se destaca. Hoje, ele é fundador e CEO da 2Y Group, um hub completo de soluções imobiliárias, com faturamento anual de R$ 98 milhões. Mas sua jornada começou muito diferente.
Aos 18 anos, enquanto trabalhava em uma indústria, o jovem recebeu uma ligação da mãe que ecoa até hoje na memória: ”Filho, tem um oficial de justiça aqui em casa. A gente vai ser despejado” A cena dos móveis sendo retirados para serem levados para um depósito judicial se tornou inesquecível: “foi em uma terça-feira, eu lembro muito bem. Eu, minha mãe e minha irmã fomos morar na casa de parentes”
Nessa época, além de trabalhar como desenhista durante o dia, estudava à noite e sobrevivia comendo uma marmita no almoço e três pães de queijo com mostarda durante à tarde: “eu fiz as contas e eu tinha R$ 1,00 por dia para comer. Era o preço de três pães de queijo pequenos em um boteco perto da faculdade”
Com a morte do pai, em meio a esse cenário, ele teve de assumir o papel de provedor da família. Chegou a vender o carro para quitar dívidas, e foi aí que a veia empreendedora, herdada da mãe que começou como sacoleira, aflorou em meio à crise.
Uma odisseia empreendedora
Em um dia, conversando com um amigo que tinha uma loja de roupas íntimas, Washington decidiu, com apenas R$ 300 no bolso, investir no mesmo ramo. A essa altura ele já estava casado. E com apenas aquele dinheiro, comprou as peças e a esposa começou a vendê-las pela internet. Em pouco tempo, transformaram o investimento inicial em R$ 10 mil.
O casal abriu uma loja, depois outra. Durante a pandemia, adaptaram-se ao digital. Mas o faturamento piorou. A alternativa foi, ao mesmo tempo em que trabalhava na indústria, e ajudava a esposa nas entregas das peças íntimas, Washington passou a ajudar, também, a mãe, que a esta altura já havia se recolocado no mercado e trabalhava em uma imobiliária.
Foi aí que aconteceu o maior desafio e também a maior virada de sua vida: ao observar os números e oportunidades do setor imobiliário, teve a ousadia de construir seu primeiro prédio, mesmo sem ter o investimento necessário para isso.
Decidiu arriscar e, por tanto, não havia opção: ou vendia, ou vendia as unidades na planta. Só assim seria possível começar a construção. Na marra, criou uma equipe de corretores que só ganhava com o êxito do negócio.
Um milhão em um dia
Em um sábado nublado, Washington saiu de casa com as mãos suando de ansiedade. Ele havia reunido a equipe, que levaria os possíveis compradores dos apartamentos, de quem ele tanto precisava, para uma rodada de negócios.
“Eu não estava acreditando. Todos os clientes que eu atendi, formalizaram a compra. Até mais unidades do que eu havia planejado. Foi inacreditável. Saí de casa com R$ 10 mil na conta e voltei com R$ 1,2 milhão”.
Mais que empreender e acumular
Hoje, por ironia – ou não – do destino, o garoto do passado, Washington, não apenas superou o despejo da família na juventude, mas já vendeu mais de 1.100 apartamentos, emprega mais de 210 pessoas e acumula um patrimônio pessoal superior a R$ 10 milhões:
”É curioso, sabe? Não tenho apego às coisas materias: hoje, com convicção, posso dizer que a minha maior satisfação é entregar as chaves do apartamento que um dia foi o sonho de alguém”.