11 outubro, 2025
sábado, 11 outubro, 2025

Dono de time do DF ameaça atleta do próprio elenco: “Vou encher de porrada”

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O presidente do Riacho City, clube da segunda divisão do Campeonato Candango, é acusado de ofender, agredir física e verbalmente e ameaçar com uma faca um atleta do próprio elenco. O jogador registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), que vai investigar o caso.

As ameaças vêm ocorrendo há cerca de um mês. Além de presidente do Riacho City, Antônio Teixeira também se apresenta como pastor. Ele foi flagrado por atletas xingando e ofendendo o elenco na casa onde moram o próprio Antônio mais oito jogadores (cuja maioria têm menos de 30 anos), no Riacho Fundo. Em 19 de setembro, numa conversa entre o mandatário e alguns dos garotos, ele declara: “Eu vou falar no bom português: quem faltar com o respeito aqui, eu vou encher de porrada. Eu tenho força para isso, tenho força física para isso”.

Ouça:

A fala foi direcionada ao meio-campista Breno Maciel de Lima, 24 anos. Ele conta o que motivou a reação do presidente do Riacho City. “No dia anterior, os meninos [atletas] fizeram comida e separaram o meu prato, pois eu estava na igreja. Ele [o presidente] chegou e comeu a minha comida, mesmo sendo avisado que eu ainda não havia jantado”, relata Breno.

“Eu não tinha dinheiro para comprar nada. Então, bati na porta do quarto dele e perguntei: ‘Presidente, não tem nada para comer, vou ficar com fome?’. Ele respondeu: ‘O que eu posso fazer?! Posso fazer nada’. Depois, fui para o meu quarto e mandei mensagens para ele pedindo que aquilo não se repetisse”, declara Breno. O presidente se irritou e, no dia seguinte, reuniu o elenco e disse que iria “encher de porrada” quem “faltasse com o respeito”.

Naquele dia, as ofensas de Antônio contra o jogador de 24 anos continuaram. “Quem é você para sair desafiando os outros?! Eu sou homem, você é merda. Você não sabe o que é ser homem”, disparou o presidente do Riacho City.

Uma semana depois, em 26 de setembro, o jogador foi novamente ameaçado por Antônio Teixeira — desta vez, com uma faca. A confusão se iniciou por falta de almoço para o elenco. “Naquele dia, por volta das 11h, ele [o presidente] saiu dizendo que iria trazer o nosso almoço. Deu 12h, 13h, 15h, e nada. Ligamos diversas vezes, e ele não atendia”, relembra Breno.

“Fomos treinar às 16h, e um dos meninos viu ele almoçando em uma churrascaria. Ligamos para ele, e ele mentiu falando que estava resolvendo problemas, que estava longe da casa, que sequer tinha almoçado. Eu, então, avisei: ‘Presidente, viram o senhor comendo em uma churrascaria, tenho foto’. Passou dois minutos, ele apareceu na casa, contrariando a ele próprio, que havia dito que estava longe”, recorda-se o jogador.

“Começamos a discutir, e ele se dirigiu a mim como ‘Merdão’. Me xingou de bandido, falou que ia chamar gente para me agredir no meio da rua. Eu retruquei, e ele pegou uma faca e veio para cima de mim. Peguei um banco para me defender, e ele recuou”.

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Atletas do Riacho City contam que, na mesma data, não tiveram almoço

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Antônio Teixeira, presidente do Riacho City, almoçando em uma churrascaria em 19 de setembro

Material obtido pelo Metrópoles

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Atletas do Riacho City contam que, na mesma data, não tiveram almoço

Material obtido pelo Metrópoles

Nesta sexta-feira (10/10), Breno foi expulso da casa onde os atletas estão alojados, no Riacho Fundo I. “Hoje cedo ele discutiu comigo, me ameaçou e me expulsou sem nada. Não me deu meu dinheiro”.

“Ele fica inventando história, dizendo que coisas da casa dele sumiram, e falando: ‘Enquanto tal objeto não aparecer, eu não vou pagar ninguém’. Só que isso é pretexto para ele não pagar a gente, a gente sabe que ele não vai nos pagar.”

Breno, que chegou em agosto ao Riacho City, conta que não recebeu um mês de salário sequer. “Acertamos um valor de R$ 2,5 mil, e ele ainda disse que haveria bonificações. Além disso, eu emprestei R$ 2 mil para arcar com as taxas de transferência minha e de outros três atletas, porque estávamos ansiosos para jogar”, lamenta o rapaz. “Ele está acabando com o sonho e com a vida de um monte de pessoas.”

Comida escondida

Breno denuncia a alimentação ofertada pelo clube. “A gente mal se alimentava, ele dava comida estragada para a gente. Tinha dia que a gente almoçava só arroz”, comenta o jovem.

As imagens abaixo mostram algumas das refeições dadas ao elenco do Riacho City ao longo dos últimos dois meses.

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Alimentação ofertada aos atletas do Riacho City

Material cedido ao Metrópoles

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“Só tinha arroz”, alega um dos jogadores

Material cedido ao Metrópoles

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Meia afirma que, por vezes, a comida era servida estragada

Material cedido ao Metrópoles

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Geladeira da casa onde estão alojados os atletas do Riacho City

Material cedido ao Metrópoles

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Alimentação ofertada aos atletas do Riacho City

Material cedido ao Metrópoles

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Alimentação ofertada aos atletas do Riacho City

Material cedido ao Metrópoles

Os atletas alegam ainda que, além de ameaçar o próprio elenco, Antônio Teixeira escondia comida no quarto para comer sozinho.

Veja:

Polêmicas e denúncias

O Riacho City, time presidido por Antônio Teixeira, já atendeu pelos nomes de Armageddon, Renovo e Bolamense. Foi fundado em 2008 e, de lá para cá, acumula polêmicas e denúncias.

A polêmica mais recente ocorreu em 6 de setembro deste ano, na segunda rodada da segunda divisão. O elenco titular do Riacho City foi dispensado por Antônio Teixeira antes de a bola rolar para o duelo contra o Candango. Os atletas, então, se revoltaram, dando início a uma confusão nos vestiários do estádio Rorizão, em Samambaia, e a Polícia Militar (PMDF) precisou intervir. No fim das contas, o time reserva foi a campo, e o Riacho City perdeu por 1 x 0.

Após o jogo, o ex-treinador do Riacho City, Edmilson Rodrigues, informou à época que ele e os jogadores afastados tomariam providências no sentido de mover um processo criminal e outro no Ministério Público contra Antônio Teixeira.

Outro lado

O Metrópoles entrou em contato com o presidente do Riacho City, Antônio Teixeira, que não havia retornado. O espaço está aberto para possíveis manifestações.

A 29ª Delegacia de Polícia (Riacho Fundo) apura as denúncias. O pastor também não respondeu a PCDF no momento da confecção do boletim de ocorrência.

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