A cidade de Prado voltou a ser palco de um dos episódios mais sensíveis de sua história recente: a disputa pela área denominada bairro Lagoa Grande. O movimento popular que ocupa a região percorreu as principais avenidas e ruas do município, cobrando das autoridades celeridade na resolução do impasse judicial que envolve a posse e a legitimidade das terras.
A manifestação, que encerrou em frente à Prefeitura Municipal de Prado, reuniu centenas de famílias e lideranças comunitárias, que entoaram palavras de ordem e exibiram faixas pedindo respeito ao direito à moradia e justiça social. O ato, acompanhado pela Polícia Militar, ocorreu de forma pacífica, mas carregado de um simbolismo político e social que ecoa nas instituições.
Desde as primeiras denúncias sobre o loteamento da empresa Bahia Costa Sul Empreendimentos Ltda, o caso passou a ganhar contornos complexos, com novas informações colocando em xeque a verdadeira titularidade das terras. Na Câmara Municipal de Prado, a pauta foi reacendida durante uma sessão ordinária, onde vereadores apontaram possíveis irregularidades na documentação apresentada pela empresa, o que intensificou ainda mais o debate público.
A recente decisão do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), suspendendo a ordem de reintegração de posse, ampliou as discussões sobre o futuro das famílias. Com o avanço das construções improvisadas, a limpeza da área e o cadastramento realizado pela Prefeitura com orientação do judiciário, o impasse ganha novas dimensões políticas e jurídicas.
Para muitos, o caso simboliza a luta entre o direito à moradia e os interesses econômicos de grandes empreendimentos. Para outros, representa a omissão histórica do poder público diante da desigualdade fundiária.
Enquanto a Justiça não bate o martelo, Lagoa Grande permanece como o retrato da resistência popular em busca de dignidade, expondo as rachaduras entre o discurso institucional e a realidade social de Prado.
