Embora seja o perfil em maior crescimento nas faculdades de direito, o público feminino ainda é minoria nos escritórios de advocacia e nas entidades de representação da classe. Para discutir os desafios encontrados pelas advogadas no exercício da profissão, o Instituto dos Advogados da Bahia (IAB) reuniu, na noite desta quarta-feira (12), algumas das profissionais mais renomadas da Bahia, no Instituto Feminino da Bahia.

Aberto ao público, inclusive ao masculino, o encontro “Mulheres em Movimento na Advocacia Baiana” reuniu mais de 200 espectadores. Presidente da mesa, a advogada Geisy Fiedra destacou a importância da composição igualitária no quadro de profissionais dentro do mercado de trabalho. “Eventos como este ainda são precisos para marcar o lugar da mulher”, comentou.

Para o presidente do IAB, Carlos Rátis, a busca cada vez mais constante por concursos públicos em detrimento da carreira de advogada é uma realidade que precisa ser analisada. “Precisamos discutir por que estamos perdendo nossas profissionais para a carreira pública, principalmente as mais jovens. Quais os desafios encontrados por elas no exercício da profissão?”, questiona.

Para responder estas perguntas, representantes das áreas cível, trabalhista, família, criminal e de gênero falaram sobre a atuação diária nas varas, juizados e tribunais baianos. Entre os principais desafios destacados por elas, o preconceito e a sobrecarga de funções foram os mais citados.

Debate

“Sempre fomos minoria”, salientou a advogada especialista em gênero, Sílvia Cerqueira. Através de números cedidos pela Ordem dos Advogados do Brasil, ela analisou o crescimento do público feminino registrado no órgão, comparando aos dados de profissionais nos escritórios. “Ao longo da história a mulher teve seus direitos adquiridos, conquistados. Não pode ser diferente na advocacia baiana. Se observarmos vamos perceber que a presença feminina nos órgãos de classe como a OAB não é igualitária”, afirma.

Já a especialista em Direito Trabalhista e professora da Universidade Católica de Salvador, Christianne Gurgel apresentou as peculiaridades da área e as dificuldades de ocupação dos espaços pelo público feminino. “A justiça trabalhista cobra ainda mais agilidade que as demais áreas, os prazos de recursos são mais curtos. Neste setor, conceito de mulher multifuncional é totalmente aplicável”, opina.

A noite reservou ainda palestras da especialista em Direito de Família Cláudia Viana, que apontou a importância da sensibilidade feminina para atuação na área, além de falar sobre a mudança do conceito jurídico de família. Já a criminalista Juliana Damasceno misturou poesia e conhecimento técnico ao falar sobre “As missões das advogadas criminalistas na consolidação democrática”.

Iniciante na carreira de estagiário, o bacharel em Direito Alexandre Freitas, sinalizou que já está presenciando no escritório e nos fóruns a diferença de tratamento em relação à mulher e que esse é um problema visível no dia-a-dia.

A advogada Lara Hiltner encarou a iniciativa do Instituto de forma esperançosa. “Percebi que eles têm se preocupado com a integração dos jovens advogados com os mais experientes e que eles têm uma atenção e preocupação do papel da mulher advogada no exercício da profissão”, pontuou.

Entre os painéis, o público conferiu a apresentação musical das advogadas Patrícia Brandão e Cecília Dutra, que apresentaram um repertório dedicado às mulheres.

Por | Varjão