Desde sexta-feira do dia 17 de julho de 2015 que dezenas de pessoas se denominando integrantes do MST – Movimento dos Sem Terra, inclusive hasteando uma bandeira do movimento no local, invadiram a Fazenda Pedra Redonda, na altura do KM-07, da rodovia que liga a cidade de Jucuruçu ao povoado de Monte Azul. A propriedade teve todas suas atividades embargadas durante esses meses em que os invasores permanecem ocupando a fazenda, inclusive com registro de destruição do pasto, benfeitorias e nascentes.
No final da tarde da última quinta-feira (22/10), uma decisão do juiz Rafael Siqueira Montoro, da única vara cível da comarca de Itamaraju/Jucuruçu, determinou que a Polícia Militar cumprisse a reintegração de posse em favor do seu proprietário Ivan Santana. Dois oficiais de justiça e apenas duas tropas da Polícia Militar foram realizar a reintegração de posse da fazenda. Parte deles se retirou e acampou sobre um campo de futebol em um sítio vizinho.
Já outra parte resistiu à decisão de despejo da justiça e enfrentou os policiais. Grupos se dividiram no processo de negociação com a PM e primeiro destruíram um veículo do proprietário que foi ao local a chamado das autoridades presentes para assinar o cumprimento da ordem da justiça. O veículo foi depenado a golpes de inchadas, cavadores e foices, que desferidos contra sua lataria, faróis e pára-brisa.
Tanto a caminhonete Hilux, Toyota 2014, quanto o Trator Agrale Bx 450-4, que foi levado à fazenda com autorização da justiça para limpar o acampamento dos invasores, foram literalmente depenados, sendo que o trator foi incendiado por completo e ficou somente no ferro. Todo ato dos resistentes foi registrado pelos oficiais de justiça e os policiais militares que eram comandados por um oficial tenente da 43ª CIPM de Itamaraju e que ficaram encurralados em meio aos invasores em virtude do pequeno efetivo da polícia. E como o cumprimento da decisão não foi possível naquele dia, houve o recuo dos PMs do local. Parte dos invasores que havia saído, retornou na sequência para a fazenda.
A Fazenda Pedra Redonda, no município de Jucuruçu, é uma das mais importantes propriedades rurais economicamente da região. Possui 70 alqueires (1.366 hectares) com cerca de 1.500 cabeças de gado. Trabalha com tecnologia de primeira geração no processo com gado de cruzamento industrial e com a biotecnologia IATF – Inseminação Artificial em Tempo Fixo. É uma fazenda que gera empregos diretamente para 12 famílias e para mais de 100 pessoas indiretamente.
A fazenda pertence a três herdeiros e eles alegaram na justiça na busca pela reintegração de posse, após inúmeras tentativas de negociação com os lideres do movimento, que todo rebanho da fazenda está sem o acompanhamento devido. O trabalho com o gado de cruzamento industrial foi paralisado. Até as equipes que trabalhavam na fazenda no processo de georreferenciamento das áreas ambientais tiveram que paralisar o serviço. E que foi paralisado também o trabalho da empresa Consulte que presta serviço à fazenda realizando transferência de embriões no processo de Fertilização In Vitro – FIV.
A FIV traz técnicas que visam multiplicar, de forma mais intensa os rebanhos bovinos, genótipos superiores, a sexagem de espermatozóides e de embriões e a clonagem de animais e ainda são técnicas que propõem contribuir muito para o melhoramento genético dos rebanhos bovinos e para o aumento da produtividade dos setores de leite e de carne.
Os proprietários justificaram em juízo o prejuízo causado nos últimos meses, especialmente com a destruição de cocheiras do gado, aragem de pastos de braquiarão, devastou cercas e destruição de afluentes do rio Gado Bravo e ainda danificação dos creeps, unidades de alimentação específicas para bezerros e, que a Fazenda Pedra Redonda trata-se de uma propriedade que cumpre muito além do índice de produtividade exigido pelo Incra.
A reportagem procurou falar com um dos três proprietários da Fazenda Pedra Redonda e somente o agropecuarista Ivan Santana nos atendeu e preferiu não conceder declarações sobre o assunto, dizendo que vai aguardar a efetiva ação da justiça. Disse apenas que lamenta o que vem ocorrendo na fazenda da sua família e que já pediu ajuda às principais autoridades públicas, militares e judiciais do Estado, objetivando apenas o direito de voltar para dentro da sua fazenda e tentar recuperar o que restar.
Por | Teixeira News