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“A nossa pauta é a de valorização do Jornalismo”, diz presidente da Fenaj

Revalorizar o jornalismo profissional e desfazer a desinformação em massa são as pautas da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) diante dos atos de vandalismo aos Três Poderes, no último domingo (8), durante os ataques antidemocráticos e golpistas em Brasília

Para a presidente da Fenaj, Samira de Castro, o papel do jornalismo profissional é de combater as fake news e criar ferramentas para que jovens e idosos possam identificar informações fraudulentas, barrando, assim, a viralização de notícias falsas e enganosas. 

“A gente precisa de campanhas públicas de revalorização no jornalismo para que a população compreenda que, ao atacar um jornalista, é o direito dela de ser informada que está sendo cerceado”, disse Samira, em conversa com o CORREIO, ao comentar as recentes agressões contra as equipes de profissionais da comunicação.

Durante sua passagem por Salvador, para participar da Feijoada dos Jornalistas, Samira de Castro comemorou a criação da Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia, nova estrutura da Advocacia-Geral da União (AGU), que combaterá fake news. A jornalista defendeu ainda um diálogo permanente com o Governo Federal e os poderes públicos de segurança para que, em determinadas coberturas, seja garantida a integridade física do jornalistas.

Veja abaixo a entrevista completa:

Como a Fenaj vê os últimos desdobramentos, incluindo medidas de punição, por parte do Governo Federal diante dos vandalismos nas sedes dos Três Poderes, no último domingo (8), em Brasília. Você acredita que veremos novos episódios semelhantes a esse pelo país?

Samira – A Federação Nacional dos Jornalistas assistiu com muita preocupação os atos antidemocráticos realizados em Brasília. Ao mesmo tempo, a gente acha que o Governo agiu de maneira rápida, tanto que prendeu diversos perpetradores do vandalismo e da depredação do patrimônio público, e tem agido no sentido de coibir cada vez mais esses grupos minoritários que tentam desestabilizar a democracia no país. O ministro da Justiça, Flávio Dino, tem dado resposta à altura e, juntamente com as decisões do Supremo Tribunal Federal, a gente acha que novas manifestações golpistas daquela forma não devem acontecer. Foi marcada uma outra manifestação essa semana que não contou com a adesão maciça dos grupos bolsonaristas. É importante que o governo tome essas medidas de continuar investigando, de chegar até os financiadores para desarticular todo esse grupo e restabelecer no país uma pacificação, porém sem anistiar as pessoas que perpetraram essa verdadeira onda de violência e de terror.

Mesmo após o fim das eleições, os jornalistas de diversas emissoras têm sido alvos de ataques ao tentar abordar o outro lado durante as coberturas políticas. No entanto, depois do ato antidemocrático, as abordagens violentas gratuitas se intensificaram. Em Salvador, colegas da TV Aratu foram atacados enquanto aguardavam para gravar uma pauta no Farol da Barra. Na sua opinião, como é possível se proteger das intimidações e agressões na rua?

Samira – Nós jornalistas temos que continuar saindo às ruas e fazendo o nosso trabalho. Medidas de segurança são cada vez mais necessárias. A gente precisa ter um protocolo nacional de segurança para resguardar a integridade física e moral dos nossos jornalistas e comunicadores. É preciso que as empresas ofereçam segurança e continuem fornecendo equipamentos de proteção individual para coberturas de conflitos. Precisamos capacitar em segurança digital para evitarmos virar vítimas de ataques digitais, ter autonomia para avaliar os riscos das pautas e mandar in loco uma equipe para cobrir determinados assuntos, como por exemplo, esses acampamentos bolsonaristas que viraram verdadeiras zona de risco para os jornalistas. Dialogar com os poderes públicos para que, em coberturas específicas, as forças policiais garantam o trabalho do jornalista e assegurem a integridade física. Eu acho que a sociedade precisa revalorizar o jornalismo. A gente precisa de campanhas públicas de revalorização no jornalismo para que a população compreenda que, ao atacar um jornalista, é o direito dela de ser informada que está sendo cerceado.

Grande parte de adeptos desse grupo extremista hoje se alimenta de conteúdos via aplicativos de mensagens e canais de influenciadores – muitos deles compartilhando desinformação. Você acredita que o trabalho feito atualmente pelos veículos de imprensa tem sido suficiente para combater a viralização desses conteúdos e fortalecer o jornalismo profissional?

Samira – A pandemia ela veio reforçar que nós precisamos cada vez mais de jornalismo. Conseguimos com o nosso trabalho evitar ainda mais mortes por Covid-19. Sempre combatendo a desinformação, sempre levando as fontes mais qualificadas e mais confiáveis para esclarecer a população sobre a questão das medidas sanitárias e da vacinação. Eu acredito que a gente tem um trabalho social muito importante, um papel a cumprir que é, sim, de tentar desfazer essa desinformação em massa que circula nos aplicativos de mensageria e até mesmo em outros modais, por exemplo das redes sociais digitais. O problema é que esse fenômeno da desinformação em massa é mundial. Estudos mostram que a desinformação se propaga infinitamente mais rápido do que a informação verdadeira. Por isso, precisamos debater enquanto sociedade a educação midiática, ter programas que possam ensinar as pessoas, os adolescentes e os mais velhos, a identificar a informação fraudulenta. Nesse sentido, o Governo Federal criou, no âmbito da Advocacia Geral da União, uma procuradoria para fazer o combate à desinformação e tem apostado em uma agenda transversal em todos os Ministérios e pastas. São iniciativas que, obviamente, só vão mostrar algum resultado em médio e longo prazo, mas a Fenaj tem defendido um diálogo permanente com a Secretaria de Comunicação do Governo Federal, com os ministério das Comunicações, da Justiça, dos Direitos Humanos para sempre apontar a nossa pauta, que é a de valorização do jornalismo e do trabalho dos jornalistas no combate às fake news.
 

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