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A pandemia “acabou” APESAR de muita gente

Ter memória é uma glória e um aperreio. Da mesma maneira, ter compromisso com leitor. Olhe que meu artigo desta semana já estava pronto, mas vi que a OMS declarou o “fim” da pandemia e me senti na obrigação de escrever sobre esse momento tão esperado, o desfecho de uma crise da qual tratei tanto aqui. Resultado é que hoje não vou nem almoçar porque não vai dar tempo, mas tudo bem.

“E o negócio da memória?”, pergunta você. Oxe, calma. Explico. Se desmemoriada eu fosse, sentiria só alegria ao ler, nessa sexta-feira, a declaração da OMS de que a pandemia de covid-19 “acabou”. Repare que botei “acabou” entre aspas para evitar propagar a loucura de que cuidados não são mais necessários. 

(Vá ver esse negócio direito, entender o momento e tomar a bivalente, se ainda não tomou.)

Mas, mesmo com aspas – sabendo que o vírus tá aí e ainda mata e conhecendo os riscos de aparecer alguma variante daquelas desgraçadas -, depois de três anos e quase sete milhões de mortos, a doença não é mais uma emergência  global. 

Este é, portanto, um momento feliz, claro. Sinto alegria, assim como todo o planeta, presumo. Então, vamos olhar pra frente? Vamos. Só que não seria eu se, antes de seguir, não olhasse pra trás. Não sinto alegria purinha não. Nem quero, que eu não tô rezada.

Tem ódio também e acho saudável. Junto com ele, além da memória natural, a vontade de nunca esquecer. E registrar. E fazer com que você não esqueça também. A pandemia “acabou” APESAR de muita gente. E POR CAUSA de outras pessoas que lutaram bravamente. E não morreu mais gente por causa da RESISTÊNCIA de muitos de nós. Nunca estivemos todos no mesmo barco.

Eu sei o quanto me custou cuidar de mim e dos meus, me comprometer com o coletivo, escrever nãoseiquantos artigos, sendo – por tudo e constantemente – ridicularizada, atacada, chamada de “louca”, “paranóica” e afins. Até bomba jogada em meu jardim teve. Não, eu não quero nem vou esquecer de nada.

A luta foi contra o patógeno, mas também, contra Thanatos que transformava em zumbis assassinos quem a gente nem imaginava. Lembra das escolas particulares querendo reabrir a qualquer custo? Lembra do movimento de pais e mães que queria obrigar a volta às aulas de crianças ainda não vacinadas? E os professores que toparam a volta, com apenas eles vacinados? O meu olhar para muita gente mudou, depois dessa perversidade.

Como esquecer os bares abertos em plena “quarentena”? Tenho até nomes e lá não piso nunca mais. E aqueles que faziam festinhas por trás de portas fechadas? Os “good vibes” que faziam campanha contra a vacina, prometendo “proteção” com meditações e  “shots de imunidade”. Os produtores de eventos que continuaram fazendo aglomerações e os “artistas” que se apresentavam. Tudo anotado. 

Comerciantes que, em vez de trabalhar em alternativas, exigiam a reabertura, no auge da crise sanitária. Empresas que obrigavam trabalhadores a atividades presenciais sem proteção adequada. Madames que, praticamente, prendiam as empregadas no trabalho porque não podiam, nem com o mundo acabando, lavar seus próprios banheiros e pratos. 

As correntes de desinformação e quem as espalhava. Os cloroquiners, ivermectiners e gripeziners. Os que falavam contra as vacinas. Os que não as compraram. Os que circulavam sem máscaras, contaminaram as famílias e assassinaram os idosos de casa. Os pais que não reformularam visitas e passeios, que contaminaram crianças com sua irresponsabilidade. Por consequência, as mães das crianças. Foram muitos os casos.

Os genitores que aproveitaram o caos pra parar de pagar pensão deixando mulheres e crianças, muitas vezes, passando necessidade. Como esquecer a bandidagem de quem falsificou álcool em gel? Jamais. Para sempre serão lembrados junto com todos os outros que lutaram em nome de Thanatos, que propagaram a morte – com seus discursos e atos – nessa guerra de três anos que, agora, tem uma pausa.

Vamos agradecer a quem merece? Vamos! Fecha a cortina com aplausos aos cientistas que disseram o que precisava ser dito, pesquisaram e, em tempo recorde, criaram as vacinas, nossa arma mais importante. Aos profissionais sérios da área de saúde que não propagaram mentiras e – muitas vezes em jornadas extenuantes – salvaram vidas, toda vez que houve essa possibilidade.

Aos que guerrearam contra as fake news, na imprensa oficial ou em perfis nas redes sociais. A todos aqueles que disponibilizaram seus talentos, em qualquer área, para que todos nós pudéssemos acreditar no “vai passar” que, muitas vezes, parecia uma irrealidade. Aos que não sucumbiram a Thanatos, aos que gostam da vida, aos que se conectaram com a verdade.

Fomos nós que vencemos. A ciência, a informação, o cuidado. A seriedade, o compromisso, a verdade. Fomos nós que construimos essa pausa. Esse fim. Esse recomeço. Esse momento pós-pandemia que, desde essa sexta-feira, finalmente, pode ser assim chamado. Aos que se foram, meu lamento e respeito. Aos que aqui estão, bora viver que estar aqui é bom e passa rápido.

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