São Paulo — Ao menos quatro adolescentes foram apreendidos e dois maiores foram presos temporariamente nesta sexta-feira (29/11) em uma ação da Polícia Civil conta uma organização criminosa que pratica uma série de crimes contra menores de idade, como pedofilia e estupros virtuais.

Chamada de Operação Nix, a ação acontece nos estados de São Paulo, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e no Distrito Federal.

Esta é a primeira operação do Núcleo de Observação e Análise Digital (NOAD), criado pela Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) para combater criminosos que usam a internet, em plataformas como o Discord e o Telegram.

De acordo com a pasta, foram cumpridos dois mandados de prisão temporária, quatro de apreensão contra adolescentes e 10 mandados de busca e apreensão.

Em São Paulo, um adolescente apontado como um dos donos do grupo investigado foi apreendido na cidade de Descalvado, na região de São Carlos.

O outro dono do grupo foi apreendido em Pernambuco. O pai dele também foi preso, pois as contas bancárias que recebiam o dinheiro da venda de pornografia infantil estavam em seu nome. Os outros adolescentes apreendidos residem em Minas Gerais e no DF.

Segundo a SSP, os crimes do grupo incluem estupros virtuais, divulgação de conteúdo sexual com menores de idade, e indução a automutilação e até suicídio. Os envolvidos também são suspeitos de serem mentores de ataques a escolas.

“Combater esses criminosos da internet é um desafio para as polícias. Não são criminosos que frequentam pontos de tráfico e andam armados. São pessoas que levam uma vida aparentemente normal, mas que na internet cometem os mais terríveis crimes contra crianças”, destaca o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite.

Derrite acrescentou que esses criminosos nunca agem sozinhos, uma vez que eles participam de grupos onde há até mesmo disputas para ver quem consegue cometer a maior quantidade de crimes. “Como se fossem troféus em um jogo”, disse o secretário.

O que é o Núcleo de Observação e Análise Digital

O Núcleo de Observação e Análise Digital foi instituído através de decreto publicado também nesta sexta, no Diário Oficial do Estado (DOE-SP). O grupo é formado por integrantes das polícias Civil, Militar e Técnico-Científica.

O NOAD vai atuar no monitoramento de redes sociais, fóruns e plataformas como o Telegram e Discord, para identificar criminosos que agem no ambiente virtual, seja em ações do crime organizado, como também aliciando crianças e adolescentes. Grupos que planejam ataques a escolas também estão na mira do núcleo.

Conforme Derrite, muitos criminosos têm migrado para o ambiente digital, onde têm a ilusão da impunidade proporcionada pelo suposto anonimato da internet. “Mas nossas polícias estão em alerta para impedir a proliferação desses criminosos virtuais, cujas ações têm consequências terríveis nas vidas dessas vítimas”, conclui o secretário e deputado federal.

De acordo com a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH), até o dia 23 de novembro deste ano, o Brasil registrou 9.543 violações em ambiente virtual contra crianças e adolescentes.

Em 2023, houveram 10.579 violações nas mesmas condições. E, em 2022, houve um pico: foram 12.039 casos.