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Aliado de Mauro Cid, major Ailton foi expulso do Exército por abuso e desacato

Considerado peça-chave no ‘êxito’ de fraude na carteira de vacinação da mulher do tenente-coronel Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro – Ailton Gonçalves Moraes Barros foi expulso do Exército após o Superior Tribunal Militar entender pela ‘imperiosa impossibilidade’ de sua permanência na caserna. Dezessete anos depois, a PF encontrou mensagens do militar, hoje advogado, com ‘tratativas de um golpe de Estado’.

A decisão de expulsão foi proferida em julgamento realizado em 2006. Por maioria de votos, o STM entendeu que as havia ‘robusto’ conjunto de provas que indicaram que o comportamento e as atitudes do então capitão não eram ‘condizentes’ com sua situação de oficial. À época, Ailton era capitão, mas ao ser reformado, mudou a patente para major, seguindo as normas militares.

Ailton foi acusado de uma série de ‘graves irregularidades’, sendo que parte delas, o STM nem chegou analisar, em razão da prescrição dos episódios – eles eram anteriores a 1999. A expulsão levou em consideração casos em que o então capitão desacatou outros oficiais e fez críticas ao Exército em entrevistas.

Entre as ‘irregularidades’ prescritas está o caso em que o militar, em 1997, teria tentado abusar sexualmente de uma ‘senhorita’ em acampamento do Exército em Natal. Ao STM, o então capitão negou as acusações. Na esfera disciplinar, ele recebeu punição de oito dias de prisão.

Outro episódio que prescreveu antes de Ailton ser julgado pelo STM ocorreu no Rio, quando o então militar ‘empurrou com seu automóvel’ um soldado e atropelou um outro oficial, lhe causando ‘graves lesões no joelho esquerdo’.

Já entre os casos que foram considerados pelos ministros da corte castrense para expulsar Ailton do Exército está o episódio em que, em 2002, Ailton se envolveu em ocorrência de trânsito na Vila Militar no Rio e desacatou soldado da Polícia do Exército, tentando intimidá-lo.

O STM também analisou a situação em que Ailton concorreu ao legislativo estadual, em 2002, como militar da ativa, e distribuiu panfletos em que aparecia com uniforme do Exército e criticava a instituição e seus superiores.

Na avaliação da Corte militar, o então capitão, ‘por diversas vezes procurou diminuir a autoridade de soldados que, cumprindo serviço de escala, zelavam pela segurança em áreas militares’.

“Assim aconteceu na Praia Vermelha, disso resultando um Inquérito Policial Militar e uma ação penal; assim aconteceu na área residencial da Vila Militar, quando, distribuindo panfleto, negou-se a identificar-se; assim aconteceu novamente na Vila Militar, quando trafegando em velocidade acima da permitida, não se identificou adequadamente, jogou seu automóvel contra um militar do Exército, disso resultando IPM e ação penal na qual veio a ser condenado”, registra o acórdão de condenação de Ailton no STM.

“Por diversas vezes faltou com a verdade, procurando atribuir a prática de racismo àqueles que apenas cumpriam com seus deveres como militares”, seguiu o documento.

Agora Ailton entrou na mira de um inquérito que tramita em outra Corte superior – o Supremo Tribunal Federal. Ele foi preventivamente pela Polícia Federal na Operação Venire, que também fez buscas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. A investigação mira um possível esquema de fraudes em dados de vacinação da covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.

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