Ministra da Igualdade Racial também revelou que o governo prepara um pacote de medidas voltadas para a população negra, incluindo a publicação de editais e a estruturação de programas
Rafa Neddermeyer/ Agência Brasil
Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou nesta quarta-feira, 1º, que o termo “buraco negro”, usado na ciência para descrever uma região do espaço-tempo em que o campo gravitacional é tão intenso que nada, nem mesmo a luz, pode escapar, pode ser racista em determinado contexto. “Denegrir é uma palavra que o movimento negro e que as pessoas que têm letramento racial não usam de forma nenhuma. Ou, por exemplo: ‘Saímos desse buraco negro’. A gente escuta muito isso”, declarou a ministra em entrevista à EBC (Empresa Brasil de Comunicação). Anielle foi a primeira convidada do programa “Bom Dia, Ministro” no especial do mês da Consciência Negra e falou sobre como o “letramento racial” tem sido feito no Brasil: “Hoje existem muitas palavras que a gente tem tentado muito, sempre que a gente pode, comunicar de maneira bem tranquila e dizer: ‘Olha, essa palavra é racista’”.
“O letrar vai desde uma comunicação antirracista, como nós temos feito com a Secom para novembro, um letrar que passa pela Lei 10.639 [que inclui ensino da história e cultura afro-brasileira no currículo escolar], um letrar que passa por fortalecermos as leis de cotas”, explicou. Segundo Anielle, o governo federal pretende entregar no próximo dia 20 – Dia da Consciência Negra – um segundo pacote de medidas voltadas para a população negra, incluindo a publicação de editais e a estruturação de programas. A ministra também defendeu o endurecimento das punições para o crime de racismo: “Só pedir desculpa, ou fazer uma carta de próprio punho dizendo ‘me desculpe por ter lhe xingado’, ainda não é suficiente. As pessoas precisam de fato começar a sentir no bolso, precisam começar a entender que pessoas negras existem, que são seres humanos”.