Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT) afirmaram que o presidente Jair Bolsonaro (PL) “sequestrou” o feriado nacional de 7 de Setembro e defenderam reação das “autoridades institucionais”. As falas constam em ofícios encaminhados pelos petistas para justificar as ausências na sessão solene do Congresso Nacional destinada a comemorar o Bicentenário da Independência.
Em carta enviada ao presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), Lula lamenta não estar presente no evento e diz que assistiu com “profunda indignação” as falas de Bolsonaro durante os atos políticos organizados nessa quarta (7/9).
“Em primeiro lugar, pela tentativa escancarada de obter vantagem eleitoral com o uso de recursos públicos. E pelo sequestro de uma data que não pertence a ele, mas à nação brasileira, a exemplo do que tenta fazer com a nossa bandeira e com o verde e amarelo, são patrimônios do nosso povo”, afirma o ex-presidente.
No documento, o petista ainda diz que Bolsonaro usou o feriado para “espalhar ódio, mentiras e ameaças à democracia”. “Ele poderia ter se dirigido ao povo para falar de paz, de harmonia, de geração de emprego, de educação, de saúde, de combate à fome. Mas ele não tem nada a dizer sobre isso, porque não tem nada de positivo para apresentar, nessas ou em quaisquer outras áreas”, prossegue com as críticas.
Dilma cobra reação A ex-presidente Dilma Roussef (PT), por sua vez, cobrou reação “a mais uma afronta do presidente da República”.
“Bolsonaro golpeia diuturnamente o Judiciário e o Legislativo, em nome de um projeto de poder autoritário e profundamente desvinculado dos anseios do nosso povo. Que a sociedade acorde e reaja antes que o império do arbítrio recaia sobre o Brasil, a cada momento que o presidente ameaça o Estado Democrático de Direito”, enfatizou.
Para a petista, as manifestações de Bolsonaro ao longo do feriado são “graves”. “Desafortunadamente, o Brasil assiste ao chefe de Estado sequestrar a data histórica em benefício de sua própria candidatura eleitoral, desafiando as leis e ignorando o rito sagrado da função institucional de quem está no comando do país”, diz.
“É grave o que assistimos ontem. Uma afronta à democracia. Mas, ainda é pior. A autoridade máxima da nação fez isso de maneira desabrida e sem compromisso com o Estado Democrático de Direito, que jurou honrar e respeitar ao ser empossado presidente da República”, completa.
Atos de Sete de Setembro Destinada a comemorar o bicentenário da Independência, a cerimonia do Legislativo conta com a presença de autoridades dos Três Poderes e dos ex-presidentes Michel Temer (MDB) e José Sarney. Convidado, Bolsonaro comunicou que não estaria presente no evento, realizado um dia após os atos políticos pró-governo, que pautaram o feriado de 7 de Setembro.
Na ocasião, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) lotaram as Esplanada dos Ministérios e trechos de Copacabana (RJ) para acompanhar os desfiles militares e os discursos do mandatário do país.
Em Brasília, pela manhã, Bolsonaro afirmou que a “vontade do povo” se fará presente no primeiro turno das eleições, marcado para o próximo dia 2 de outubro. Após participar de desfile cívico-militar em comemoração ao Bicentenário da Independência, o chefe do Executivo federal marcou presença em ato político em frente ao Congresso Nacional.
No seu discurso, que durou aproximadamente 15 minutos, o presidente voltou a falar de suposta “luta do bem contra o mal”. Aconselhado pela campanha, o mandatário da República não teceu críticas às urnas eletrônicas nem ao STF, embora tenha citado a Corte.
“Muito feliz em ter ajudado chegar até vocês a verdade. Também ter mostrado para vocês que o conhecimento liberta. Hoje todos sabem quem é o Poder Executivo; todos sabem o que é a Câmara dos Deputados; todos sabem o que é o Senado Federal. E também todos sabem o que é o Supremo Tribunal Federal”, assinalou.
Já em solo carioca, o chefe do Executivo federal subium o tom e mirou o ex-presidente Lula (PT), com quem rivaliza a disputa pelo Palácio do Planalto nas eleições deste ano. Sem citar o petista nominalmente, o presidente o chamou de “quadrilheiro” e afirmou que “esse tipo de gente tem que ser extirpado da vida pública”.
“Não é apenas voltar à cena do crime. Esse tipo de gente tem que ser chutado da vida pública”, disse, referindo-se à declaração feita durante a manhã, em Brasília, sobre opositores.
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