Aos 74 anos, e com apenas 1,60 metro de altura, Osmar Prado carrega muito mais do que a responsabilidade de ser o Velho do Rio no remake de Pantanal. O ator também aguenta nas costas o peso da capa de couro que esconde os segredos de se transformar em sucuri na novela das nove da Globo.
“A indumentária do meu personagem pesa cinco quilos, então a solução encontrada pela equipe foi costurá-la a uma espécie de mochila para que eu pudesse distribuir o peso por todo o meu corpo. Não é nenhum sacrifício, pelo contrário”, explica o veterano.
“A surpresa de ser chamado para interpretar o Velho do Rio foi muito grande, até porque o papel inicialmente foi oferecido para o Antonio Fagundes. Por uma série de questões, ele não pode aceitar. O Rogério Gomes [o Papinha, diretor artístico] então me ligou. Eu já estava com meio caminho andado, já que não cortava os cabelos e nem fazia a barba desde o início da pandemia. Hoje, nem os pelos da orelha aparo mais”, conta.
Para equilibrar o peso da capa de couro no corpo do ator, uma mochila foi costurada na vestimenta (reprodução) |
Prado lembra que, no original da Manchete, Cláudio Marzo (1940-2015) se dividiu nos papéis de Joventino, Velho do Rio e de José Leôncio. Ele, aliás, já teve uma experiência semelhante de mergulhar no trabalho de outro colega com o Barão de Araruna em Sinhá Moça (2006). “Eu troquei aquele lorde inglês criado pelo Rubens de Falco (1931-2008) por um cara grosseiro, que era capaz de matar qualquer pessoa e não ser responsabilizado pela lei. Às vezes, a gente tem que violentar o nosso interior para dar vida aos personagens. Assim como daquela vez, eu não quis rever o original. Vou fazer o Velho do Rio do meu jeito”, diz.
Claudio Marzo interpretou o Velho do Rio na primeira versão de Pantanal; agora é a vez de Osmar Prado (reprodução) |
Osmar Prado revela que bastou colocar os pés no Pantanal para entender quem era aquele homem que abandonava a fazenda mais próspera da região para se transformar em um dos protetores da natureza:
“Ele mexeu tanto comigo que fiquei recluso quando fui ao Mato Grosso do Sul. Eu peço até desculpas ao Almir Sater porque fui deselegante e não aceitei o convite para conhecer a casa dele. O papel me exige uma simplicidade extrema, porque a liberdade para ele é não ter nada. A gente vive numa sociedade em que é preciso ter tudo. O Velho do Rio me trouxe muita coisa. A sua empatia, o seu amor, a sua leveza e, sobretudo, a sua justiça”.