São Paulo — O primeiro debate do segundo turno das eleições da capital, realizado pela TV Bandeirantes na noite desta segunda-feira (14/10), foi marcado pela ofensiva do deputado federal Guilherme Boulos (PSol) contra o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que tenta a reeleição.
Um dos temas centrais das discussões foi a crise de falta de energia que atinge a cidade desde sexta-feira (11/10), e ambos trocaram acusações sobre o assunto. Outros temas também tiveram destaque, como o desafio de Boulos a Nunes — não aceito pelo prefeito — para que este abrisse seu sigilo bancário, enquanto discutiam a investigação da Polícia Federal sobre a máfia das creches.
A primeira etapa do bloco que abriu o programa foi a mais dedicada ao apagão. Boulos adotou a estratégia de repetir perguntas retóricas, como de quem era a responsabilidade pela poda de árvores e pela manutenção dos semáforos (ambas são da Prefeitura).
Nunes, em uma primeira rodada de respostas, tentou desviar de uma resposta objetiva. Contudo, optou por admitir que os serviços são da Prefeitura para evitar a repetição dos questionamentos.
O prefeito buscou sair das cordas ao destacar que a fiscalização do contrato da Enel é federal e, elencando medidas que adotou para evitar novas panes, como a apresentação de um projeto de lei que autoriza os municípios a fiscalizar as concessionárias de energia, rebateu o adversário. “O que você fez enquanto deputado?”, questionou o emedebista.
Nunes trouxe o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao debate ao falar da responsabilidade federal. Já Boulos mencionou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), destacando que a atual diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsável pela fiscalização da concessão da Enel, foi nomeada pela gestão do antecessor.
Nunes, ao criticar o que avaliou ser pouca atuação de Boulos como deputado federal, citou a rachadinha do deputado federal André Janones (Avante), cujo processo na Comissão de Ética da Câmara foi arquivado em relatório feito por Boulos.
Boulos se defendeu da citação atacando: mencionou o pedido da Polícia Federal para investigar Nunes por ligação com a máfia das creches, que indiciou 116 pessoas em abril. “Você recebeu o cheque?”, questionou Boulos, referindo-se a dois cheques depositados na conta do prefeito em 2018 de uma empresa que, segundo a PF, era usada para lavar dinheiro desviado de creches.
Nunes, então, passou a apresentar explicações para os cheques depositados em sua conta, afirmando que foram por serviços efetivamente prestados e que sua empresa realiza mais de 2 mil serviços por mês.
Boulos disse que abriria seu sigilo bancário e desafiou Nunes a fazer o mesmo. Nunes, contudo, já havia ficado sem tempo de fala, segundo as regras do programa, e não pôde se defender. Ao voltar ao púlpito, o prefeito deixou alguns de seus papéis de apoio caírem no chão.
Pelas regras do debate, os candidatos podiam ficar em pé e andar pelo estúdio. Boulos buscou se aproximar de Nunes, aparecendo na tela. Em uma dessas aproximações, Nunes reagiu: “Você não vai me intimidar. Sabe por quê? Porque eu vim do Parque Santo Antônio”, disse o prefeito, dirigindo-se a Boulos e o abraçando.