Com o propósito de apresentar os níveis de transparência no mercado de vestuário brasileiro, a ONG Fashion Revolution divulgou a quinta edição do Índice de Transparência da Moda Brasil (ITMB). Entre os dados apresentados, está a estimativa de que apenas 22% das marcas avaliadas revelam as informações sobre o trabalho análogo à escravidão.
Vem entender!
O trabalho escravo deixou de ser uma atividade no Brasil há mais de 130 anos. No entanto, de forma velada, ainda não cessou em território nacional. A indústria da moda é um dos principais segmentos no qual essa prática criminosa ocorre.
Uma das formas para se averiguar as condições trabalhistas dos profissionais se dá a partir da transparência de dados referentes às marcas. No país, a ONG Fashion Revolution se propõe a mapear a situação das labels em diversos pontos, como práticas de compra; salário justo para viver; igualdade de gênero e racial; circularidade; clima e biodiversidade; entre outros.
A quinta edição do índice foi lançada com destaque para o nível da divulgação pública de 60 grandes etiquetas e varejistas do mercado brasileiro. Isabella Luglio, coordenadora do projeto e a frente da equipe educacional da organização, ressaltou a importância da indústria para o desenvolvimento sustentável e atenta aos direitos humanos.
“Justiça social e climática estão intrinsecamente ligadas. A moda, como uma das grandes indústrias do mundo, deve operar de forma mais justa e transparente, proporcionando um meio de vida digno para os trabalhadores e contribuindo para a regeneração da natureza”, afirmou, em comunicado à imprensa.
Um das bandeiras do Fashion Revolution é abrir a indústria da moda para os consumidores
O objetivo é tornar os processos de confecção e compra mais claros, diminuindo casos como os de trabalho análogos à escravidão
Para o lançamento do estudo de 2022, ocorreu um coquetel Trabalho escravo Com a pesquisa, foi possível descobrir que somente 22% das marcas publicam dados sobre a prevalência de violações relacionadas ao trabalho análogo à escravidão ou a existência de fatores de risco. Os critérios englobam horas extras excessivas e forçadas; liberdade de movimento restrita; retenção de passaporte de trabalhadores, documentos pessoais e salários; e servidão por dívida ou queixas relacionadas a práticas de recrutamento.
Segundo o índice, uma maneira para avaliar os riscos de trabalho forçado é a verificação da existência de taxas de recrutamento pagas pelos trabalhadores. Contudo, a maioria das marcas (93%) não divulga o número de profissionais na cadeia de fornecimento afetados pelo pagamento dessas taxas ou de outros custos relacionados.
A indústria de vestuário é um dos principais segmentos em que o trabalho análogo à escravidão ocorre
No Brasil, apenas 22% das empresas revelam dados sobre a prática
O trabalho escravo não é permitido no país há mais de 130 anos Marcas bem posicionadas Entre as 60 marcas brasileiras mais bem posicionadas pelo estudo, a pontuação média foi de 17%, um ponto percentual a menos do que em 2021. A varejista C&A foi o destaque, com 73%, seguida por Malwee (68%); Havaianas (57%); Renner (57%) e Youcom (57%).
A maior parte das marcas está concentrada na faixa de 0 e 10%. Do total, 22 empresas classificaram negativamente. Empresas como Besni, Brooksfield, Caedu, Carmen Steffens e Netshoes zeraram na pontuação.
A C&A foi a marca que mais pontuou no índice
Outra varejista nacional, a Renner, também aparece na lista de mais transparentes
Assim como a Havaianas Fashion Revolution O movimento Fashion Revolution foi fundado em 2013, após um conselho global de profissionais da moda se sensibilizar com o desabamento do edifício Rana Plaza, em Bangladesh. O episódio causou a morte de mais de mil funcionários da indústria de confecção, que estavam em condições de trabalho análogo à escravidão.
A instituição atua mundialmente com o propósito de mobilizar a sociedade em prol de uma indústria da moda que respeite e valorize as pessoas, assim como o planeta. Vale destacar que o ITMB considera somente dados divulgados pelas empresas.
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