Astrônomos e observadores do céu noturno têm aguardado com muita expectativa desde que foi anunciado que uma “nova estrela” surgiria na paisagem celeste até setembro deste ano – mas, até agora, nada.
Vamos entender:
- Na constelação de Corona Borealis (Coroa do Norte), há um sistema estelar binário chamado T Coronae Borealis, que é normalmente muito fraco para ser visto a olho nu;
- No entanto, mais ou menos a cada 80 anos, as trocas entre suas duas estrelas, que estão gravitacionalmente presas em um “abraço mortal”, provocam uma explosão nuclear descontrolada conhecida como nova recorrente;
- A luz dessa explosão viaja pelo cosmos e faz parecer que, de repente, uma nova estrela surgiu no céu por alguns dias.
Também conhecido como T CrB, T Coronae Borealis é um sistema binário composto por uma anã branca e uma gigante vermelha. A anã branca, uma estrela densa e flamejante, acumula material da companheira, criando um disco de acreção. Esse processo pode levar a uma explosão nuclear, alterando a magnitude do objeto de 10.0 para 2.0 – e esse aumento significativo do brilho faz com que ele desponte como uma “nova estrela” temporária no céu.
Embora as previsões indicassem que essa explosão ocorreria até setembro de 2024, dois meses depois, não há sinais do evento. A astrofísica Elizabeth Hays, que monitora o sistema usando o telescópio espacial Fermi ,da NASA, explicou ao site Space.com que, apesar de certa, a data da explosão de brilho ainda é imprevisível. “Simplesmente não podemos definir isso”.
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Cresce a expectativa dos astrônomos pela explosão de brilho da estrela
A dificuldade em prever com precisão o evento se deve ao fato de que há poucos registros históricos consistentes de erupções do sistema T CrB. A última explosão confirmada aconteceu em 1946, quando a estrela atingiu magnitude 3.0, com uma anterior ocorrida em 1866.
Como se nota, esses eventos ocorrem a cada 80 anos, o que sugere que a próxima erupção poderia acontecer até 2026. No entanto, um aumento no brilho observado em 2015 sugeriu que a erupção poderia ser antecipada para 2023.
Como isso não se concretizou, cresceram as expectativas para 2024, ainda mais porque um escurecimento observado no sistema um ano antes do primeiro episódio registrado foi percebido também no ano passado – mas a causa disso permanece um mistério.
Edward Sion, professor de astronomia na Universidade Villanova, nos EUA, explicou que a taxa de material sendo atraído para a anã branca pode variar ao longo do tempo, dificultando ainda mais a previsão do momento da explosão. Além disso, a proximidade das duas estrelas, apenas 0,5 unidade astronômica (metade da distância entre a Terra e o Sol, ou seja, cerca de 75 milhões de km), torna ainda mais complexo o processo de acreção.
Enquanto aguardam a explosão, cientistas continuam a coletar dados do T CrB. Além do telescópio Fermi, o Telescópio Espacial James Webb, o Swift, o INTEGRAL e o Very Large Array (VLA) estão monitorando o sistema de perto. Esses dados são cruciais não apenas para registrar o momento da explosão, mas também para entender melhor o comportamento do sistema e aprimorar os modelos de erupções estelares.
Por enquanto, a espera continua. Os astrônomos seguem atentos, esperando o momento em que T CrB se tornará uma nova visível, enquanto tentam entender os mistérios que cercam o sistema estelar.
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