InícioEditorialEconomia'Cadê os Yanomami': Mobilização que denuncia desaparecimento de indígenas viraliza nas redes

‘Cadê os Yanomami’: Mobilização que denuncia desaparecimento de indígenas viraliza nas redes

A polêmica envolvendo o desaparecimento de integrantes da Terra Indígena Yanomami, em Roraima, vem chamando a atenção de artistas, influencers e políticos nas redes sociais. Articulada por povos indígenas, a campanha “Cadê os Yanomami” tem sido amplamente compartilhada e debatida após investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) constatarem a ausência dos indígenas em Aracaçá. A comunidade estava vazia, com uma das casas queimada.

O caso tomou maiores proporções nas últimas semanas a partir das denúncias de que uma criança de 3 anos foi jogada no rio e do estupro e morte de uma menina de 12 anos, ambas do território indígena, em Roraima. O episódio foi denunciado no dia 25 de abril. Na comunidade viviam, aproximadamente, 25 pessoas.

O autor da denúncia, também presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanamomami, alega que a menina ianomâmi foi estuprada e morta por um integrante de garimpo ilegal na região. Ao saber do caso, ele encaminhou uma denúncia à PF, ao MPF, ao Ministério da Saúde (MS) e à Fundação Nacional do Índio (Funai)

Júnior defende ainda que os indígenas são vítimas de ameaças dos próprios garimpeiros para que não denunciem os seus crimes. Ele defende que garimpeiros procuram dificultar qualquer investigação. 

Na última sexta-feira, 29, o Condisi emitiu nota detalhando o caso: “Ao chegar ao local, avistamos a comunidade em chamas e sem a presença de moradores indígenas no local, que só apareceram 40 minutos após pousarmos, somente para resgatar materiais de garimpeiros. Após insistência, alguns indígenas relataram que não poderiam falar, pois teriam recebido 5g de ouro dos garimpeiros para manter o silêncio”.

Hekurari, no entanto, reuniu-se com outras lideranças indígenas e constatou que o incêndio da aldeia poderia também ter sido causado pelos próprios indígenas, devido às tradições e costumes do povo Yanomami.

“É costume dos yanomami, após a morte de um ente querido, queimar a aldeia em que residiam e se locomover para outro local. Contudo, os indígenas Palimiú, que residem próximo à aldeia, nos afirmaram que os ianomâmis estão perambulando pela floresta, na altura do rio Uraricoera, buscando um local seguro, com medo de novo ataque do garimpo”, declarou o indígena. 

Na última quinta-feira, 28, a PF informou não ter encontrado indícios de homicídio e estupro ou de óbito por afogamento na Terra Indígena Yanomami. Um dia antes, agentes da corporação seguiram na manhã para a comunidade localizada na região de Waikás, para investigar a morte e o desaparecimento que envolve o caso.

Redes Sociais

Nesta semana, celebridades, políticos e influenciadores usaram suas redes sociais para compartilhar a tag “Cadê os Yanomami”, em referência ao ocorrido. Entidades como a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT) organizam as postagens e campanhas para pressionar por justiça para a comunidade.

Câmara dos Deputados e STF

Nesta terça-feira, 3, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou a criação de um grupo de trabalho para acompanhar a situação dos povos indígenas Yanomami. O grupo se propõe a acompanhar o caso, fazer diligências e sugerir providências para reverter a situação de violências e violações de direitos a que estão sendo submetidas crianças, adolescentes e mulheres da comunidade Aracaçá.

Na última quinta, os ministros Cármen Lúcia e Luiz Fux (presidente), do Supremo Tribunal Federal (STF), comentaram sobre o episódio durante sessão da Corte. A ministra cobrou uma apuração rigorosa a respeito do estupro e morte da adolescente de 12 anos e afirmou que as mulheres indígenas são “massacradas”.

“As mulheres indígenas são massacradas sem que a sociedade e o Estado tomem as providências eficientes para que se chegue à era dos direitos humanos para todos, não como privilégio de parte da sociedade. Não é mais pensável qualquer espécie de parcimônia, tolerância, atraso ou omissão em relação à prática de crimes tão cruéis e graves”, defendeu Cármen Lúcia. 

Fux avaliou o fato como “gravíssimo” e sugeriu medidas para que situações semelhantes não venham a acontecer. Ele disse que os fatos “destroem o trabalho que temos feito de combate ao feminicídio, de proteção às mulheres”.

Políticos brasileiros também comentaram sobre o caso:

A matéria foi publicada originalmente no Jornal O Povo.

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