Os motores do Afro Fashion Day estão esquentando. Depois do tema anunciado, seletivas de bairro e definição dos criadores aprovados no Concurso Cultural Estilistas Afro Fashion Day, na última sexta-feira (21) aconteceu a gravação da campanha desta edição.
Uma equipe completa de filmmakers e fotógrafos da Marias, 6 modelos que estarão na passarela mais negra do Brasil e parte da equipe de produção do Afro Fashion Day ocuparam as ruas do Centro Histórico para a gravação dos vídeos e fotos que logo menos estarão nas ruas de toda a cidade anunciando que já é AFD. As gravações se dividiram em duas etapas: uma no Pelourinho e outra no Santo Antônio Além do Carmo.
O dia foi cheio: às 7h da manhã, os modelos já estavam pelas ruas do Pelourinho iniciando as gravações. Uma pausa para o almoço e troca de roupa na Casa do Benin, que fica no Pelourinho, e toda a equipe foi ao trabalho novamente. Subiram a ladeira e todo o mundo se concentrou no Coreto do Carmo para fazer o restante do labor. Deu para cansar.
Curador do projeto, Fagner Bispo explica que o mote da campanha é misturar a capoeira com moda. A capoeira é o tema do projeto em 2022, ano que marca o retorno do Afro Fashion Day às ruas após dois anos de hiato realizando Fashion Films por conta das restrições impostas pela pandemia do coronavírus.
“O vídeo tem a capoeira numa visão fashion. É tanto que no primeiro período fizemos muitas coisas com movimentos de capoeira, saltos. Vamos brincar muito com isso, mas puxando para o nosso evento de moda”, explica Fagner sobre o conceito.
Os modelos participantes foram Irlen Bispo (Preto Brasa), Dalila Leal, Larissa Paixão, Jadson Jesus, Adriano Braga e Xaê França. O primeiro e a última foram finalistas da última seletiva de bairros, não venceram, mas farão parte do AFD dando rosto ao projeto.
Capoeirista e dançarino do Balé Folclórico da Bahia, Irlen Bispo agradece por ter sido lembrado pela equipe para fazer parte de um momento importante como este. “É a hora que o Afro Fashion Day se mostra. E anuncia para o mundo. Então avalio como um momento muito importante é que dá uma grande expectativa para o desfile”, afirmou.
Irlen, o Preto Brasa, também é capoeirista e ajudou a dar o tom e fazer as conexões entre o Afro Fashion Day e seu tema (Foto: Marina Silva/CORREIO) |
Xaê seguiu pelo mesmo caminho. Especialista em carão, a menina de Itinga divide o sonho de modelo com as faxinas que faz para sobreviver. Já tentou participar do Afro Fashion Day por quatro oportunidades e bateu na trave da seletiva desta vez – antes de entrar na campanha. Ela também foi convidada para fazer a seletiva de agências e deve ser um nome presente na passarela que será montada no dia 19 de novembro.
“Participei da seletiva de bairros, cheguei à final, fiquei perto do top 18, mas tive oportunidade de participar de uma outra seletiva, por agência, ainda não sei se vou, mas já recebi esse contato para a campanha. Primeiro pensei que era o resultado do desfile, mas depois vi que já era uma pré para a campanha e depois vem o gostinho do desfile. Hoje estou aqui usando peças maravilhosas, maquiagem, sendo tratada como uma rainha”, conta.
Xaê participa do Afro Fashion Day pela primeira vez (Foto: Marina Silva/CORREIO) |
Sócio da Marias, produtora audiovisual responsável pelo filme da campanha, Wendel Assis afirma que não foi um desafio dos mais fáceis juntar capoeira e moda numa peça publicitária.
O ponto forte do filme são as transições. A ideia da equipe é aproveitar os movimentos que a moda e a capoeira oferecem numa roda e na passarela para conectar as ideias e imagens que foram gravadas.
“Foi trabalhoso porque pensamos em como trazer essas junções e vamos trabalhar com transições. Capoeira e moda têm movimentos corporais, então de um aú puxamos um pé para a passarela, fazendo seleções como se fosse uma roda. Foi complexo, mas acho que foi um bom trabalho e ótimo processo”, explicou.
O Afro Fashion Day é um projeto do jornal Correio com o apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador e Sebrae, apoio do Shopping Barra e Suzano.