São Paulo — Sete anos após ter sido preso durante uma operação que investigava cassinos clandestinos em São Paulo, o coronel da reserva da Polícia Militar Luiz Flaviano Furtado foi condenado a passar nove dias em permanência disciplinar em centro de comando da PM. A sanção, publicada no Diário Oficial nesta terça-feira (14/1) pela Secretaria da Segurança Pública, encerra um processo administrativo que tramitava desde 2018.
Luiz Flaviano Furtado atuou como chefe de gabinete da Secretaria da Justiça entre 2015 e 2016, no governo de Geraldo Alckmin (PSD). Em 2018, ele foi preso duas vezes durante uma operação do Ministério Público e da Polícia Militar contra um esquema de jogos de azar e lavagem de dinheiro em bairros nobres na zona sul de São Paulo – a operação Cabaré.
Após a operação, Flaviano Furtado passou a responder a um processo criminal por porte de ilegal de arma, extinto após encaminhamento para o Comando do Exército. Nesse período, as Forças Armadas chegaram a reconhecer que houve transgressão disciplinar na conduta do coronel, mas, conforme noticiado pelo Metrópoles, ele continua recebendo uma aposentadoria de R$36,1 mil.
Operação cabaré
A operação Cabaré foi deflagrada no dia 15 de janeiro de 2018 e envolveu a apreensão de 15 e destruição de 1.038 máquinas de caça-níqueis que funcionavam em bairros da zona sul e em áreas nobres. Cada máquina tinha valor médio de R$ 25 mil, totalizando um prejuízo de cerca de R$ 20 milhões para a quadrilha.
Na ocasião, a Polícia Militar tinha um mandado de busca e apreensão contra Flaviano Furtado, e prendeu o coronel em flagrante após encontrá-lo com uma pistola calibre 9mm e 16 cartuchos sem autorização em sua casa.
O coronel foi solto após audiência de custódia, mas seis dias depois recebeu nova ordem de prisão e foi conduzido ao Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte de São Paulo, após ser denunciado pelo envolvimento com a quadrilha. Outros três PMs foram presos na ação.
O que diz a defesa
O advogado Fernando Capano, que defende o coronel no caso, disse ao Metrópoles que a permanência disciplinar é uma vitória da defesa e representa uma sanção alternativa, já que o processo criminal contra Flaviano Furtado foi extinto. “É uma vitória, porque ele poderia sofrer a rescisão de vínculo, e isso não aconteceu, de que modo ele vai cumprir somente essa permanência”, disse o advogado.
Capano explicou que o coronel atualmente está com mais de 80 anos e a defesa estuda uma forma de tornar a permanência no centro de comando da PM a mais confortável possível. A permanência disciplinar é uma sanção prevista no Regulamento Disciplinar da PM, na qual o militar é obrigado a permanecer em uma sede da polícia sem estar detido em uma cela.
Flaviano Furtado deverá se apresentar no Comando de Policiamento de Área Metropolitana Sudoeste, localizado em Campo Belo, na zona sul da capital, na próxima segunda-feira (20/1).