A Copa do Mundo, cuja 22ª edição teve início no dia 20 de novembro, não é “apenas” o maior e mais importante campeonato de futebol do planeta, mas um evento gigantesco com impactos esportivos, culturais e econômicos.
O turismo, por exemplo, é um dos segmentos mais beneficiados pela competição esportiva. Organizadores do Mundial do Catar projetam um “boom” no setor durante os 28 dias do torneio, com a chegada de 1,2 milhão de estrangeiros ao país.
Mas não é só. Um relatório produzido pela equipe de equity research do banco BTG Pactual traduz, em números, a dimensão de uma competição que será acompanhada por mais de 3 bilhões de pessoas ao redor do mundo.
No estudo, estão reunidos números e informações a respeito das diversas fontes de receita relacionadas à Copa, além de dados sobre os impactos de venda de ingressos, direitos de transmissão, marketing, entre outros.
Audiência De acordo com o relatório, a Copa do Mundo tem a segunda maior audiência das transmissões pela TV entre os principais eventos esportivos de escala global – à frente, por exemplo, dos Jogos Olímpicos. O líder é o Tour de France, tradicional prova do ciclismo, assistido por 3,5 bilhões de pessoas em 2021. A Copa deve ser vista por 3,3 bilhões.
Na última edição da Copa, em 2018, na Rússia, o total de telespectadores foi de 3,6 bilhões (dos quais 3,3 bilhões em suas casas, com aparelho próprio). A final entre França e Croácia foi assistida por 1,1 bilhão de pessoas.
Para que se tenha uma ideia sobre a dimensão do campeonato, o Super Bowl – a final do campeonato de futebol americano, o mais popular torneio nos Estados Unidos – ocupa o 9º lugar entre as competições esportivas mais assistidas, com uma base de audiência de 100 milhões de pessoas. Comparando-se o Super Bowl de 2022 à final da Copa do Mundo de 2018, o torneio disputado pela Seleção Brasileira teve um público mais de cinco vezes maior.
Direitos de transmissão A Copa do Mundo é a principal fonte de receita da Fifa, entidade máxima do futebol mundial. Quase metade do dinheiro (49%) vem dos direitos de transmissão do evento, seguidos por acordos de marketing (26%), direitos de hospitalidade e venda de ingressos (11%) e direitos de licenciamento (9%).
Segundo o relatório do BTG, a Fifa faturou US$ 3,1 bilhões apenas em direitos de transmissão do torneio. Os atuais detentores dos direitos audiovisuais da Copa nos Estados Unidos são a Fox e a rede em espanhol Telemundo (de propriedade da Comcast/NBC).
De acordo com o New York Times, a Fox pagou US$ 400 milhões, e a Telemundo, US$ 600 milhões. O acordo envolveu, além da Copa do Catar, os Mundiais femininos da modalidade em 2015 e 2019.
No Brasil, os direitos de transmissão estão sob controle da Globo (TV aberta e TV por assinatura). A emissora perdeu seu contrato de exclusividade para plataformas de streaming, o que levou grupos como HBO, Star+, Paramount, Amazon, Apple a entrarem na disputa pela Copa.
A Fifa firmou parceria com a empresa de direitos esportivos LiveMode e com o streamer recordista de seguidores no país, Casemiro Miguel (o Cazé), como um teste para saber se os brasileiros estão dispostos a assistir aos jogos pelo streaming de mídia social. Cazé tem mais de 3 milhões de seguidores no Twitch e no Instagram.
Marketing Diante de tamanha visibilidade e alcance global, a Copa do Mundo é uma excelente oportunidade para que empresas exibam suas marcas e aumentem as vendas. Segundo um estudo da Nielsen sobre o comportamento dos torcedores de futebol, citado no documento do BTG, a Copa do Mundo registra os maiores níveis de engajamento e conscientização entre todos os eventos esportivos: 95% dos torcedores sabem de sua existência.
O estudo aponta ainda que 67% deles consideram mais atraentes as marcas exibidas em patrocínios esportivos. Outros 56% procuram se informar sobre os patrocinadores exibidos durante uma partida de futebol.
No ciclo entre 2015 e 2018, a receita de marketing foi de US$ 1,7 bilhão (26% da receita total da Fifa no período). Desse montante, 69% foi gerado em 2018, ano do Mundial da Rússia.
De acordo com o relatório do BTG, US$ 1,1 bilhão desse montante estava relacionado às receitas de parceiros da Fifa. Outros US$ 363 milhões envolviam patrocinadores da Copa, enquanto US$ 179 milhões correspondiam aos apoiadores da Fifa.
Na Copa do Mundo do Catar, a Fifa conta com sete parceiros oficiais: Adidas, Coca-Coca, Grupo Wanda, Hyundai-Kia, Qatar Airways, Qatar Energy e Visa.
Também são sete os patrocinadores oficiais da Copa: Budweiser, Byju’s, Crypto.com, Hisense, McDonald’s, Mengniu Dairy e Vivo.
Ingressos e direitos de hospitalidade No período de 2015 a 2018, no intervalo entre as Copas do Brasil (2014) e da Rússia, as receitas de pacotes de hospitalidade e venda de ingressos alcançaram US$ 712 milhões – dos quais US$ 689 milhões (97%) apenas em 2018.
As receitas com direitos de hospitalidade englobam licenças que dão direito a acomodação e vendedores de ingresso que prestam serviço durante as competiçõs da Fifa. A receita tem como base os acordos de participação nos lucros firmados entre a Fifa e os prestadores de serviços locais.
Vendas de ingresso e direitos de hospitalidade representam 11% da receita total da Copa do Mundo. Em 2018, dos US$ 689 milhões de receitas em dias de jogos, US$ 541 milhões vieram da venda de ingressos e US$ 148 milhões da receita de direitos de hospitalidade e acomodação.
A Copa mais cara da história Como noticiado pelo Metrópoles, a Copa do Mundo do Catar está sendo considerada a mais cara de todos os tempos. Segundo um estudo da Keller Sports, os bilhetes para os jogos do torneio entre seleções de futebol saem, em média, por um preço 40% mais alto do que no Mundial de 2018, na Rússia.
O ingresso para a final da Copa do Catar, no dia 18 de dezembro, custará, em média, US$ 812 (cerca de R$ 4,3 mil). O preço médio do bilhete na competição é de R$ 1,8 mil, ante R$ 1,3 mil da Copa da Rússia.
De acordo com o levantamento da Keller Sports, os valores dos ingressos no Catar são os mais altos das Copas do Mundo nos últimos 20 anos, desde 2002 (quando o torneio foi disputado no Japão e na Coreia do Sul).
De acordo com a Fifa, quase três milhões de ingressos foram vendidos por antecipação para jogos da Copa do Mundo. O Brasil está entre os dez países que mais compraram bilhetes: 39,5 mil até o início de outubro.
A construção de seis novas arenas no país e a reforma completa de outros dois estádios saíram por cerca de US$ 3 bilhões (R$ 16 bilhões). Obras de infraestrutura em Doha, como vias de transporte e a modernização do aeroporto internacional, também despenderam uma quantia significativa.
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